Gosto da sensação do toque e de saber que não estou só

Continuo neste meu hábito novo que se tornou um prazer, pelo que sinto que vem, virá a seu tempo. São tempos nossos que nos dedicam e tempos de outros que dedicamos? Sei que esta forma de contacto, é aquela que nos move ao encontro de um outro que sabemos nos lê e sente, não havendo necessidade de alterar formas, mas correndo por vezes o risco de não conseguirmos contornar os caminhos que se abrem. A escrita é neste agora, um veículo para que estejamos mais perto do outro, mas concordo que na vida, há encontros que não poderão ter sucesso, não poderão ser quaisquer outros, que nos farão alterar qualquer ponto no nosso ponto de encontro. Enfim encontrar-me no outro, quando assim acontece, é ver nele algo que se me assemelhe, e que de algum modo me possa refugiar, sabendo que algures num ponto minúsculo do Universo existe alguém que me toca.

(Gosto da sensação do toque, e de saber que não estou só)

Também me sinto assim, sem grande paciência para ouvir o que já se gastou em palavras, ou então para me deixar conduzir por caminhos que já pisei. Contudo, penso que eles estão sempre presentes, lembrando um percurso traçado, e que o facto de me questionar, traz-me aquela satisfação doce de já saber o que não quero. O problema é quando por vezes me baralho toda e sei que quero, sem saber o quê (tal como tu, li-te isto, penso). Se não li, aceita-o como meu, se te li, aceita-o como nosso também. São saberes de algo que nunca muda, a não ser que uma qualquer melodia só nossa, nos direccione até à nossa voz interna e indicadora de que algo está a mudar. As mudanças são isto mesmo, quando nos vemos em determinado momento da nossa vida frente ao espelho, vendo um, ou outros eus que mesmo desfocados, nos emprestam um pouco do fogo que sempre trazemos, e que nem sempre vemos ou sentimos. Sinto que posso rever-me nas tuas palavras. Há um foco bem direccionado, e esse, terá sempre o limite que lhe impusermos, mas neste momento que te escrevo, as palavras que te vão chegar são aquilo que poderás ver, fechando os olhos. Quando acontecer que me vejas a essa distância, eu serei aquela, que te escreve, mas serei também aquela que vive em ti. Filosofias que encantam? Palavras que se juntam?. Juntos faremos história, sem ser necessário um aprendizado em qualquer templo comemorativo. De facto, existem nuances que realçam a tua forma de pensar e estar, nesta que é agora a tua vida e que vão de encontro à minha também, ou será que sempre foi e eu tive medo de ser?. Olhando para tudo e todos os que por mim já passaram, e aqueles que ainda resistiram a esta intempérie emocional, vejo-me uma pessoa que também reage “mal” e sempre com aqueles que me são próximos. Mas não serão esses, os que esperam de nós a frontalidade e a genuidade de que somos feitos? Nem sempre o “mal” poderá ser assim tão mau, e tempos há que me lembro de algum descontentamento meu, por algo menos agradável, mas olhando-o agora com outros olhos, isso é nada.

(Resta saber se consegui ver todas).

Há outras formas de contacto mais precisas e mais próximas, sempre que nos prestarmos a elas, e aí estamos mais uma vez a dar-nos uma oportunidade de revelarmos mais um pouco da nossa personalidade.
Gosto de receber estas missivas mas:
“Sei das minhas limitações quanto à forma, a minha prática de escrita é diminuta, a minha formação é limitada…”
Procura ler em voz alta o que escreves, como se o estivesses a fazer pela primeira vez. É um prazer que me dás, nesta leitura dos teus textos, que mesmo desta forma intimista se fazem reis e senhores de tudo o que as palavras podem revelar. O feed-back da tua escrita, revela o quanto é importante para as pessoas lerem o que escreves. È certo e sabido, que não devemos levar muito a sério certos comportamentos desviantes, pela busca que fazem, trilhando caminhos; uns e outros, para conseguirem atingir as luzes da ribalta, como se isso fosse a única solução para o que escrevem. Mas como dizes e bem, a cegueira ainda não nos impediu de ver o óbvio e assim, já não teremos paciência para o discutir, teremos obviamente que ter um olhar diferente para a nossa escrita.

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Martes, Abril 27, 2010 - 09:04

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ÔNIX

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Re: Gosto da sensação do toque e de saber que não estou só

"A escrita é neste agora, um veículo para que estejamos mais perto do outro, mas concordo que na vida, há encontros que não poderão ter sucesso, não poderão ser quaisquer outros, que nos farão alterar qualquer ponto no nosso ponto de encontro. Enfim encontrar-me no outro, quando assim acontece, é ver nele algo que se me assemelhe, e que de algum modo me possa refugiar, sabendo que algures num ponto minúsculo do Universo existe alguém que me toca."

Adoro ler-te e rever-me em detalhes teus...
Adoro o contacto q nasce, ainda q embrionario, tendo a escrita como veiculo fabuloso de criar laços entre as pessoas...
Existe tanta verdade no q escreveste onde me revejo!
Beijinho grande, grande em ti Maravilhosa, Onix!
Inês

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Re: Gosto da sensação do toque e de saber que não estou só Para

Obrigada Ines
És muito simpática para comigo e para com as minhas palavras

beijos

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Re: Gosto da sensação do toque e de saber que não estou só

Agradeço os vossos comentários

Mefistu mais uma vez agradeço o carinho, mas acho que não mereço tanto. O que escrevo são coisas simples

beijos

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Re: Gosto da senação do toque e de saber que não estou só

Mais que o nosso cantinho, o Waf é um enorme legado de partilha e admiração de outros autores, Poetas ou escritores, ou aspirantes a ...o ser.
Ler-te é sempre um prazer, algo que me alimenta a alma e sacia o meu espirito.
Nunca estarás só, com essa voz maravilhosa e essa letra segura.

Um beijo doce, pelo belo texto!

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Re: Gosto da senação do toque e de saber que não estou só

Xiuuu....Que te observo.
Xiuuu....Que te leio.
Xiuuu....Que te observo.

Descansa poeta amiga, não estás só. Sempre te leio com curiosidade e vontade de aprender mais e saber mais.
Longo mas lindo texto.

Gosto sempre quando teu Ser canta!

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