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A importância da bata
Seis e meia da manhã
Bom dia, dia ainda tão escuro,
Manhã tão dentro da noite
Ninguém nas ruas como costume
Filas de carros adormecidos junto aos passeios
Persianas corridas sobre a intimidade da noite
Janelas fechadas sobre as vidas a dormir.
Sigo de bata na mão e cachecol no pescoço
Não quero pensar em nada.
Mas desfilam-se por trás dos olhos as fileiras de camas de colcha branca,
Mil rostos contorcidos de dor e preocupação,
Desfila a morte, a vida e o que está no meio.
E a manhã cresce.
Apagam-se as luzes porque são sete horas.
Sucessivamente são horas
Do primeiro comprimido, do primeiro beijo, do primeiro almoço do primeiro autocarro
Da primeira dor, do primeiro grito, do primeiro café, do primeiro tratamento
Há sempre alguma coisa a fazer primeiro
Primeiro visto a bata.
Depois há mil rostos reais na minha frente
Mil rostos ansiosos, olheirentos, desconfiados,
Mil olhos que nos invadem
E nós não sabemos nada, nada, nada.
Odeio a compaixão, a pena que sentimos
Enraivece-me esta impotência
Mas não sabemos nada, nada, nada
Apenas que o dia avança
Melancolicamente por entre estes rostos velhos,
Inexoravelmente sobre esta dor sem esperança
Ou numa esperança fátua que nós sabemos inútil.
Que lhes interessa o que fazemos,
As paixões, os medos, a política, as constipações,
A hora do café, o estado do tempo, o passar dos dias?
Se é tudo sempre igual, se nada apazigua.
Se tirasse a bata ficava como eles,
Desiludida e só.
E assim por diante até que de novo é noite
E mergulho num banho de espuma quente
Afugento a tristeza
Como se tudo que é importante adormecesse.
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