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Limbo da existência.

Da luz fez-se chama e derramou-se sobre mim. Escaldou toda minha pele, tal qual lava que brotava eruptiva do olhar. Foi uma grande reação: A lava e minha epiderme fria, gélida, advinda de uma grande hibernação. Aturdida vi o mundo apagar-se ao redor, envolto na bruma criada pelo encontro do magma com minha pele fria. Silenciosamente a lava derretia e petrificava meu corpo prendendo ele para sempre nesta crosta de gelo e rocha que desde então, eternamente, envolveu minha epiderme por todas as demais vida que um dia eu viria a ter. Eu estava hipotérmica, estive morta e nem sabia, congelada, tanto que nem mais sentia ou percebia a falta de coesão do mundo em que eu me encontrava. Sentir novamente o calor da vida deixou-me aturdida, acho que liberou alguma substância entorpecente que toldou-me os sentidos e amputou-me a razão. O peito ardia em uma angina que irradiava-se por todos os nervos, uma espécie de eletricidade percorreu meu tórax, meus membros, minhas pernas, cauterizou meu senso de direção, escureceu o mundo ao redor. Eu tinha sede, sedenta joguei-me na fonte, que refrescante parecia aliviar o calor da lava que ainda ardia em mim. Confusa, acostumada a neve das escarpas longínquas dos montes solitários onde habitava anteriormente, não percebi-me do perigo que encerrava a convidativa, cristalina e límpida fonte que saciava a minha sede de sentir.Quando vi já quase me afogava na ânsia de beber da água da vida. Escorreguei no grande rochedo em que me segurava, naquele momento apenas conheci a morte. Era um abismo onde flutuei na suavidade do ar rarefeito das grandes altitudes, era uma queda no nada, eterna, sem perspectiva de chão para apaziguar a ziguezaguear labiríntico dos sentidos. Acho que era a embriagues que antecede a morte. Vi todas os momentos, todas as bocas e todos os lamentos que elas me causaram, passarem a sussurrar súplicas de amor em meus ouvidos em uma velocidade assombrosa, mas em segundos calaram-se à suavidade do abismo. Despertei assustada em outro mundo, o tempo tardava e eu não sabia. Morri naquele instante.

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sábado, junho 12, 2010 - 03:31

Poesia :

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analyra

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Comentários

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Re: Limbo da existência.

Quantas vezes avida nos vai matando para que finalmente
ressuscitemos de novo?
sempre mais fortes. por mais que as cicatrizes por vezes teimem em sarar.
Absorve-se facilmente a imensa tristeza que te vai na alma. mas também é verdade que é precisamente nestes momentos que soltamos mais facilmente as palavras que nos definem.
Beijo, Ana. Continuo apreciar imenso estas tuas prosas.
Vóny Ferreira

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Re: Limbo da existência.

Um belo texto.
Um encontro com
a vida.
:-)

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