MIGALHAS

A morte chama-me.
Reflexo em ricochete.
Cadáver despido de carências.

E lá vou eu deitado em serpentes.
Epopeia de pedaços por descobrir.

Labirintos matemáticos.

Grito!

Vocabulário em vão.
Maré desenterrada das consequências.

Fôlego disparatado pelo imaginário.

Sombra muda…

Loucura carnuda…

Murmúrio
que me separa o corpo da alma.

Silêncio que me soletra o pensamento.

Rastos viscosos.
Distância que me desinquieta.
Miolo de letras que me narram crosta de raiva.

Todos os dias quase existi.
Todas as formas me adormeceram.
Todas as palavras são tempero que não me espero.

Paladar que desconheço.
Caminhada faminta de eclipses.

Reza inanimada.