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RESTOS DA VIDA

Escrevo palavras apressadas
com a caneta agarrada
preso a horas passadas
em relógio que não pára.
Os passos com que me movo
são lágrimas salgadas
curativo inventado
para vidas separadas.
E a pétala cansada
repousa sobre pedra sem vida
como flôr arrancada
em paisagem descolorida.
Descalço as lembranças
colo-as numa parede
caminho descalço em arame farpado
que se fez trapézio sem rede.
Transformo a folha caída
em paleta colorida
como planta silvestre
em rocha nascida.
Continuo a escrever
este texto conzento
de um fado que é rock
e que oiço a todo momento.
Levo-me nesta rua sem fim
numa cidade de medo
onde as nuvens que a cobrem
choram agora o teu segredo.
Alpendre sozinho
baloiça na cadeira
com a coragem a flôr da pele
em verdade derradeira.
Porque deixaste cair a máscara
que me enchia de amor?
Porque deixaste o cupido acertar
coma flecha envenenada de dor?
Desejo um último abraço
do teu corpo manipulado
para poder morrer sozinho
com outros iguais a meu lado.
Perfume de rosa ingerido
em som vertebral
em braços que me acolhem
a pele em morte cerebral.
Deixo o que sinto na rua
sem abrigo de amargura
com trouxas pesadas em sacos
revestidos em completa loucura.
Amo-te em mil pedaços
que a raiva dos outros separou
odeio-te neste desterro
que a tua prisão ordenou.
Ajoelho-me diante da tua cruz
onde Deus obteve o proveito
manchando as mãos dos homens
com sangue que corria perfeito.
Não te perdoarei nunca
teres prostituido o meu amor
e o cheiro da cama vazia
vai picando a minha dor.
O recomeçar que pediu a tua boca
sobre as ruinas sem força
erguido em memórias sujas e gastas
enquanto encomendas a minha forca.
Fecha-te nesse baú
coberto de cinzas pálidas
e renasce como flôr inventada
nas terras mais áridas.
Ilusão em escombros
em tempo que se fez de erosão
pegadas em areias inseguras
engolidas pelo mar mais a mão.
Veste a nossa cama de negro
num luto em lençois de setim
planeia no leito a morte
enquanto me sento e espero pelo fim.
Encosto-me num segundo
como besta ferida em mergulho
como criança de cara molhada
sem saber o que é o orgulho.
Colo os cacos de uma vida
que lançaste no chão empedrado
corto-me e o sangue jorra para fora
as lembranças espremidas em punho fechado

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sábado, agosto 6, 2011 - 17:01

Poesia :

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Rui Afonso dos Santos

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