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Adeus

A culpa não é minha. A culpa não é tua. A culpa não é do mundo. A culpa é de todos, mas não é de ninguém. É curioso! Eu que sempre fui considerada uma artista na escrita, para escrever esta carta demorou vários meses. Julgo que esteja derivado ao facto de só agora estar pronta para o fazer. Andei vários meses a praticar, desejando conseguir resistir à tentação, mas querendo mais e mais ter aquela sensação de “paz”. Ao longo da minha vida conheci vários tipos de pessoas. Todas elas tão diferentes, mas no entanto muito iguais num único aspecto: Magoaram-me. De diversas maneiras. Claro que também me fizeram rir. E eu sempre fui daquelas pessoas que me agarrava às coisas boas, mesmo que fossem pequenas, e essas boas coisas iriam superar as coisas más, mesmo que fossem grandes. Mas algo mudou. Algo morreu em mim. Acredito que todos nós temos uma vontade de viver, que temos objectivos na vida, que temos uma chama dentro de nós que nos permite seguir em frente. Pois bem, então e se essa chama se apagar? Significa que perdemos a razão de viver. Que nada nem ninguém nos interessa, e que apenas queremos terminar com esta vida sem significado. Talvez a culpa seja minha, porque desde muito seja tornei-me demasiado crítica em relação a mim. Sempre tive os meus objectivos bem delineados e sempre soube o que fazer da minha vida. Pode dizer-se que eu tenho sonhos demasiado grandes para a minha pessoa. Queria tornar-me médica e descobrir a cura de alguma doença; Queria ir fazer voluntariado para Africa; Queria abrir uma organização de voluntariado que fosse conhecida mundialmente; Queria publicar os meus livros; Queria casar-me; Queria ter filhos. Sonhos eu tinha, mas agora já não os tenho. De que adianta eu ter sonhos se não os consigo partilhar com ninguém? De que adianta eu querer isto tudo, se eu não consigo desabafar com ninguém? Nunca dei trabalho a ninguém. Sempre me orgulhei de ser bastante independente, de nunca precisar de ninguém, de conseguir resolver os meus problemas sem me aborrecer. Mas tudo isso mudou. Porque mudou? Eu em tempos fui uma pessoa querida pelo que me rodeavam. Gostavam de mim pelo que eu mostrava, e assim eu era feliz. Mas e se eu realmente não era feliz? E se eu apenas me contentava com uma imitação barata de felicidade? Essa imitação foi-se aguentando e aguentando, até não aguentar mais.
A melodia é como a vida, tem altos e baixos, mas no entanto, existem músicas em que predomina o tom baixo, e noutras em que predomina o tom alto. Tal e qual na vida. Porque queremos agarrar-nos a algo que não conseguimos ter? Porque desejamos tanto uma coisa? Porque queremos amar, apesar de saber que iremos sofrer? Eu dantes responderia com toda a certeza que, apesar de toda essa dor, todo esse sofrimento tudo valeria a pena no final. Mas agora penso. Que final? Será que existe realmente um final? Apenas existem acções, reacções e as suas consequências. E será que as consequências serão boas o suficiente? Eu não sei responder a isso. Nunca soube responder a essas perguntas.
Será que existe um destino? Será que toda a nossa vida está escrita e nós apenas nos limitamos a cumprir o que estabeleceram para nós? Será? Será que tudo o que se passou comigo é porque mereço? Será que tenho primeiro de sofrer para depois sorrir? Será isso? Mas eu já sofri muito, já chega. Cheguei ao meu ponto de explosão. Não aguento mais. Não consigo sorrir, só consigo chorar, e estar com esta cara de “morta-viva”. Queria sair, conviver, mas tenho medo. Só quero ficar em casa, e nada mais. Tenho sempre medo de sair à rua e ficar a saber mais uma coisa má que aconteceu.
Queria que as lágrimas levassem a minha dor com elas, mas elas são mesquinhas e apenas me relembram mais a minha dor. Estou abandonada, estou triste. Sinto-me sozinha, apesar de saber que tenho pessoas que se preocupam e gostam de mim. E acho que o problema é mesmo esse. Eu nunca quis magoar ninguém. Nunca quis fazer sofrer ninguém. Sempre me preocupei com os outros antes de mim. Se pudesse daria a minha vida por alguém que precisasse. Mesmo que essa pessoa já me tivesse magoado antes. Eu sou assim. Sempre fui. Se eu poder ajudar, eu ajudo. Agora, porque é que eu tenho de sofrer? Por querer ajudar todos à minha volta? Sempre ouvi os problemas dos outros, mas as pessoas nunca ouviram os meus. Talvez por eu não me sentir à vontade em contar os meus problemas, as minhas dores, os meus medos, mas talvez por não se mostrarem demasiado interessados. Então, desde muito cedo que eu aprendi a não contar o que se passava comigo a ninguém. É o melhor a fazer. Pelo menos, era isso que eu achava. Agora, quero contar o que se passa comigo, e não consigo. É como se tivesse um nó na garganta sempre que tento contar o que vai na minha cabeça. Já nem sequer consigo controlar os meus ataques. Sempre que vejo muita gente começo logo a ficar nervosa, com os calores. Já não consigo entrar em lugares repletos de multidões. Estou a ficar cada vez pior e não consigo contar em ninguém. É como esta dor na cabeça e no peito que não para, nem por um minuto. Mas tudo vai acabar. Isto vai acabar. Assim como tudo na minha vida acabou, esta dor vai acabar. A bem, ou a mal, mas vai acabar.
A minha relação com o Dário acabou porque ele falou que já não gostava de mim. Pois bem, ele é um mentiroso de merda que não presta. Porque mais tarde vim a descobrir que esse estúpido que tanto me fez sofrer (talvez porque eu permiti) estava a namorar com uma rapariga que trabalhou com ele no verão. Eu já devia de ter desconfiado. Eu já devia de saber. Ele ia levá-la e buscá-la todos os dias para o trabalho. Ele mandava-lhe mensagens. Ele sempre que ela pedia, ele ia ter com ela. E para mim, ele cagava. Não quis saber dos meus sentimentos e aposto que algo deve ter acontecido entre eles no verão. O que quer dizer que aquele anormal me traiu. E depois decidiu encobriu a bosta que fez dizendo que já não gostava de mim. Porque é que apesar de tudo eu não consigo chegar ao pé dele e dizer-lhe que ele é horrível, é um merdoso e é um puto mimado que quando as coisa não lhe agradam deita fora. Odeio-te. Não te vou perguntar. Mesmo quando eu me matar, não te perdoarei. Tu magoaste-me como nunca ninguém o fez. E amar, julgo que nunca me amaste porque eu era demasiado real para ti. Porque eu era eu, apesar de tudo, porque eu dizia-te a verdade, mesmo quando não gostavas.Odeio-te.
A minha amizade com a Cátia desapareceu por completo. Agora evitamo-nos a todo o custo. Tudo porquê? Porque essa rapariga sempre teve inveja de mim. Porque enquanto eu me integrei rapidamente nos bombeiros, ela teve de fazer certas figuras para que a aceitassem. Porque ela sempre ficou aborrecida por eu conseguir com que as pessoas gostassem de mim só com um sorriso, enquanto que ela tem de se esforçar muito mais. Todos confiam em mim, mas nela ninguém confia. Nem eu. E depois de tudo, eu é que sou a má da fita. Eu é que mudei. Eu é que tive a culpa de tudo o que aconteceu. Eu...
É verdade. Eu tive culpa de tudo isso. Eu deixei que tudo me fugisse das mãos. Eu sei disso. É por isso que eu vou terminar com a minha vida. Talvez não hoje, talvez não amanhã, mas está para breve. Ninguém é capaz de me deitar mais abaixo do que eu. Eu odeio-me tanto. Odeio tanto que as pessoas que digam que sou bonita que acabei por mutilar os meus braços. Odeio tanto que as pessoas digam que sou interessante que fecho-me no meu mundo e respondo mal, para estas se afastarem de mim. Odeio tanto que as pessoas digam que tenho um corpo “xpto” que eu estou a destrui-lo não comendo e cortando-o. Odeio-me por ter achado que eu poderia vir a ser feliz, que poderia sorrir, e que haveria sempre alguém que me apoiasse quando caísse. Ahh... doce engano! Eu sei que devia de conseguir. Mas não consigo. Eu sei que devia de sorrir. Mas só me apetece chorar. Eu sei que devia de ser forte. Mas eu sou fraca.
A minha mãe fica doente por minha causa, o meu pai não liga muito (também, nunca ligou) e o meu irmão está estranho também. Acho que a única coisa boa no meio disto tudo é a minha amizade com o Ricardo. Ele consegue fazer-me rir com uma facilidade. É impressionante. No tempo em que estou com ele, posso dizer que sou verdadeiramente feliz. Não que os problemas fiquem resolvidos, apenas os esqueço e finjo que não existem. Mas isso também vai mudar. Eu vou ter contar o que se passa comigo e então logo se vê.
Para que viver num mundo em que ninguém precisa de nós? Para que viver num mundo em que ninguém gosta de nós? Para que viver num mundo cheio de pessoas horriveis?

Adeus
Ana Fm

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terça-feira, março 8, 2011 - 17:09

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