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A, ante após

Os “Cadeia: O Chico”

Ah! João... Tu na entres home!... Ai que te mato!
A voz soou estranhamente avinhada por sobre as velhas vedações do casebre. Ao tempo, os cães latiam, barulhando pelo entardecer que se fazia sentir, com o sol caindo por detrás das arvores existentes nas colinas fronteiras. Desta vez estava sendo procurado por ser suspeito de homicídio. Dizia-se que “eles eram mais que os cães” e tinham “muitos” a família. Como se costumava, dizer nesta família os cães eram mato.Esta cena passava-se depois de uma ordem de “prisão debaixo de armas” dada ao “Chico”. A Autoridade tinha medo de se acercar deste facínora que, era em tudo, como um bandido do oeste americano, dizia-se...! Sempre eram recebidos por risadas, chacota e por tiros de caçadeira. O homem já tinha bebido uns bons “copos” da sua reconhecida safra. O Chico Cadeia era um reconhecido chefe uma numerosa família falcatruosa, incestuosa e má pagadora à Fazenda Pública daí, estar sempre a ser nomeado e perseguido pela G.N.R.! (Guarda Nacional Republicana).
               II

“O Regedor”

Naquele tempo era uso e costume nomear como autoridade de uma Freguesia – o Regedor - o seu comerciante mais conceituado. Apurada as circunstâncias foi o Sr. Vasco, comerciante de secos e molhados, escolhido como tal. O Sr. Vasco era uma figura típica! Gordo e anafado de bigode farfalhudo e cabelo penteado de risca ao meio, ele era o protótipo curial de um não Regedor. E sempre tremia como varas verdes quando recebia uma “encomenda” (isto é: uma ordem de prisão ou entrega de uma contrafé para qualquer cidadão). Podia-se dizer então porque não rejeitar tal situação? Bem, lá poder podia, mas tal era o respeito e o medo pelos poderes legitimamente eleitos que o pessoal escolhido para tal função ou para qualquer outra, mesmo perdido de medo, como era o caso, aceitava sempre de boa vontade tal nomeação.
E isto sem falar de perseguições infundadas, nem de o esquecimento de fazerem compras, nem á votação ao ostracismo político ou sócio econômico. E por aí se ia num alegre “posto de parte” como mandava as boas normas do regime.
Ora, estava ele em perfeita confabulação com uns fregueses, bebendo ou servindo um copito, quando de repente:
- Trrim, trrim, trrim...
O som metálico de telefone fez-se ouvir berrante e impróprio no momento.
O Sr. Vasco deu um salto brusco, engasgou-se e entornou o copo que estava bebendo pela cara rubicunda... Quebrando copos e garrafas, molhando o balcão e diversas “coisas” que por ali estavam à mão de semear.
-Alô! Balbucionou ele com voz embargada pela comoção e pelo medo. E à medida que do outro lado da linha, a voz de comando que se fazia ouvir no silêncio provocado pelo toque inesperado, o seu rosto se contorcia em esgares amedrontados e nervosos.
-Oh meu Deus! Estou tramado! Estou tramado!
Enquanto gritava e espumava mexia o seu corpo gordo pelo pequeno espaço entre o balcão e a parede.
De repente parou. Seu olhar até ao momento irrequieto se aquietou. Seu rosto passou de chorão para sorridente.
- Ah João estás aqui, é verdade! Só tu podes ajudar-me a resolver esta chatice!
Sua mão papuda segurou o colete do moço e começou a afagá-lo.
- Em memória da nossa amizade... Sim em memória dela, João, por favor, João... Por favor,...
O João empertigou-se, sacudiu os ombros e falou com calma e arrastada voz, enquanto passava os dedos pela aba do chapéu para o enformar.
- Diga lá Sr. Vasco o que é preciso fazer para acalmá-lo.
No seu rosto brincava um sorriso trocista e bonacheirão.
- È o Chico Cadeia homem... Tem um mandato de captura e eu não sou capaz de fazê-lo...
- Só isso Sr. Vasco? Só isso? Ora favas, homem, ora favas.!Deixe lá isso por minha conta que eu resolvo o assunto!

“O Ganchas”

O João era um jovem de vinte anos, recém casado e era denominado de Ganchas pelo seguinte; A família Ganchas era uma das famílias mais tradicionais da aldeia. Quando era jovem, bem casado, se apaixonou por uma criada da casa. Daquele amor não respeitoso, nasceu um filho. Ela e a criança rapidamente foram votadas ao ostracismo. Esse foi o irmão bastardo do João. Foram votadas ao ostracismo porque naquele tempo uma mãe solteira era coisa difícil de digerir. A sociedade fechada como era a sociedade da aldeia, não permitia, não aceitava que tal coisa acontecesse. A existir tal facto era sinal que uma das famílias se sentiria traída, injuriada! Assim tudo faziam para redimir a organização familiar. Baralhavam tudo para dar de novo! A jovem mãe, saída daquela casa, casou mais tarde com outro cavalheiro donde nasceu o João. Tempos depois, o Senhor Ganchas enviuvou. A jovem enviuvou também. Passaram a viver juntos até que casaram. Daí o João ter adotado o nome de “Ganchas”. O homem era uma lenda viva ainda tão jovem que era. Todo o mundo conhecia as suas aventuras rocambolescas, semeadas aqui e ali, por todas as aldeia vizinhas e nos arredores mais próximos. Não havia cão nem gato que as não conhecesse e fizessem alarde delas em histórias contadas a uma mesa de taberna e até mesmo ao calor do borralho onde se contavam tais aventuras. Era uma lenda viva, como eu dizia e era denominado também por João “Caubói” por usar um revolver à cintura, chapéu Stenton na ca beça e montasse um belo cavalo ruço e ter como ideal aventureiro um tal de “Tom MiXX”. Resolvia todas as coisas à base de tiro e murro. Os facínoras e os jovens armados em homenzinhos temiam o João. Sempre que havia burburinho, em bailes e festas similares, e se havia soco e pontapé, bastava-se gritar:
- Vem aí o João Ganchas... Vem aí o João Ganchas!
Aí a confusão acabava e cada um ficava com os seus prejuízos muito contentes e felizes por não apanharem uma bala ou uns dias de cadeia. Era este o fortalhaço aquém o Sr. Vasco se dirigia pedindo

todo o auxilio possível e impossível! Não é que o João fosse um homenzarrão, mas tinha uma gênica tal que o fazia ter a força de três homens.
E lá foi o João para cumprir a sua  incumbência, acompanhado de muita e numerosa comitiva de “mirones”. Todo o mundo queria ver no que iria dar tal assunto! As mulheres, que seguravam os homens, sussurravam que estes se mantivessem quietos e deixassem lá as essas contas que não eram as do seu rosário não fosse lá uma bala perdida tirar-lhes a vida e que os filhotes precisavam ainda do pai por muito e bom tempo. Enfim, as lamúrias do costume!

Epílogo

Ah! João... Tu na entres home!... Ai que te mato!
A voz do João fez-se ouvir, calma e sonante, no entardecer tranqüilo.
-Não matas nada, home. Uma fava é que matas!
Como resposta àquela frase detonou um tiro “na quieta melancolia das flores do caminho”. O povo, que olhava aquelas coisas, embevecido, deu um grito de aflição!
-Ai que o João morreu! O Chico Cadeia matou-o!!! Ai Jesus! Ai Jesus!
Um silêncio de cortar á faca fez-se presente. Por outro lado um barulhar estremeceu por entre canas e madeiro velho. Trocando o passo, meio zonzo e vexado, apareceu de espingarda á banda, o Chico Cadeia! Logo atrás, bamboleando, surgiu o Ganchas, qual cavaleiro do apocalipse enchendo a paisagem. Na mão, trazia o seu inseparável revolver, que apontava indiferente, ao bandido de meia tigela. Quando chegaram ao meio da população, o João tirou-lhe a espingarda e algemou-o.
¬
-Chamem o Sr. Vasco, que o assunto já está resolvido!

Assim acabou mais uma aventura do Ganchas, o “xerife” de Aldeia Gavinha. O bem acaba por vencer o mal. Deus venceu mais uma vez Satanás!

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domingo, julho 28, 2013 - 17:38

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