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Filosofia Sem Mistérios - 1ª Parte

ABSOLUTISMO – Em termos de POLÍTICA é o Regime ou Forma de Governo que não é limitado pela Constituição, pela Câmara de Deputados ou pelo Senado. Ou, ainda, por qual-quer outra forma de pressão. Em termos de ÉTICA, é a doutrina que afirma que as Leis ou Regulamentos Morais não são estabelecidos por “Deus”, nem pelas Convenções humanas, as quais variam segundo as circunstâncias e as épocas em que são exaradas, tornando-se assim Relativas, vez que são mutáveis e modificáveis. Ao contrário, o ABSOLUTISMO ETICO afirma que as Normas de Conduta são interiorizadas (ou inerentes) ao Homem, independente de sua época ou circunstâncias. Tome-se como exemplo o seguinte: em quase todas as Culturas e Civilizações tem-se como Errado matar os próprios Pais. Salvo raras exceções, é consenso que esse Mandamento seria seguido mesmo que inexistissem outras Leis que o proibissem e condenassem aqueles que o praticassem. Já em termos de ESTETICA, é a doutrina que afirma que certo Objeto (ou ação, texto, musica etc.) é Belo ou Feio por si próprio, independente de quem o contempla. Independente do gosto desse Indivíduo. Para completar, achamos oportuno alongarmo-nos um pouco mais sobre o vocábulo “Absoluto”, raiz do verbete aqui tratado. Palavra oriunda do Latim “Absoluto”, conforme o Dicionário Aurélio, é o nome dado àquilo que não depende de nada ou de ninguém para existir. Não tem necessidade de se relacio-nar com nenhuma outra coisa. Existe por si e para si; logo, não está sujeito a condições, tampouco admite contradições. É Incontestável, Pleno, Total. Aprofundando-nos mais em seu significado em termos de estudo da filosofia, vemos que pode ser visto como o Conceito1 ou denominação que se dá à Tendência de Unificar as formas de Pensamento. Ou, o titulo dado ao SER que pode existir material ou abstratamente (como Idealização) e que reuniria em SI os atributos neces-sários à formação e a explicação de toda a Realidade. Os crédulos chamam-no de DEUS. Porém, deve-se atentar para o seguinte ponto: embora possa ser sinônimo de DEUS, a rigor, o Conceito de Absoluto não pode ser atrelado ao PAN-TEISMO* nem ao TEÍSMO*. No primeiro caso porque a corre-lação entre Tudo necessitaria de mais uma Relação que pu-desse fornecer a “cola” que uniria todas as coisas. Essa “cola” seria, então, outra relação de todas as coisas relacionadas com aquilo que as solda. Desnecessário dizer que essa “Cola” recebe o nome “DEUS”, o qual, por ser Absoluto não pode ser relacionado à coisa nenhuma, sob pena de se descaracterizar sua condição de Pleno ou Total. Já com o Teísmo, a questão é que tudo (relacionado ou não) teve origem em DEUS e se teve essa origem, DEUS estaria se relacionando com suas criaturas, o que invalidaria sua condição de Absoluto. Também será necessário que se atente para o fato de que tanto no Panteísmo quanto no Teísmo, todas as Coisas têm uma Causa para que existam e são finitas. Tem começo, meio e fim. Ora, o Absoluto não tem Causa para existir. Ele existe! Ou conforme citação de Javé para Moises: EU SOU O QUE SOU! Isto é, Eu sou aquele que É. Pois bem, então sendo DEUS existente sem Causa Prévia que o gerasse, também não tem fim. É perpétuo. É Absoluto, e como tal não pode ter relação com todo o restante que é correlacionado. Todavia, pode-se admitir que se o Absoluto a etapa final de todas as Relações, pois ele engloba todas as Afirmações e suas contradições, as quais, nesta ótica, seriam “partes” de um Todo.
1.1. Conceito: representação dum Objeto através do Pensamento através das características do mesmo.
1.2. Ação de formular (ou pensar) uma Idéia usando as Palavras para tanto.
1.3. O Pensamento, uma Idéia, Opinião,
1.4. Noção, Idéia, Concepção.
1.5. Julgamento, Avaliação.
1.6. Ponto de Vista, Opinião.
1.7. Reputação, fama.
1.8. Provérbio, Máxima, Sentença.
1.9. Conceito Absoluto ou Abstrato: segundo a Lógica da Escolástica 1.10 o Conceito de algo (sua qualidade, ou característica) que não é submetido às limitações do Sujeito no qual esse algo acontece. Por exemplo: A Sabedoria, que não se limita à capacidade intelectual do Indivíduo onde ela se manifesta. A sabedoria está além do Sujeito.
1.10. Escolástica: Tendência filosófica vigente na Idade Média que se apoiava principalmente em São Tomaz de Aquino e São Alberto. Em síntese era a tentativa de unir fé e racionalidade através da interpretação dos escritos de Aristóteles, entre outros.

AGNOSTICISMO – quase sempre, em Filosofia, o prefixo “A” indica o contrário de certa afirmativa ou de tal conceito. Assim temos:
Gnóstico = saber
Agnóstico = Não saber; ou que é impossível de ser conhecido racionalmente.
Em termos populares pode-se dizer que Agnóstico é aquele que “ignora” ou “é incapaz de compreender” o que está além do Físico. Deus, por exemplo. Para este terreno será neces-sária a FÉ e não o CONHECIMENTO, que exigiria que tivés-semos maior capacidade intelectual para absorvê-lo. Em 1862, SPENCER já tentara demonstrar a impossibilidade de se chegar à “Realidade Última”; ou seja, à força misteriosa que é a Causa e que se manifesta em todos os Fenômenos*. Podemos estudar e compreender estes Fenômenos, mas so-mos incapazes de entender o que os motivou. Qual a essência dos mesmos. O termo AGNÓSTICO é de autoria do inglês THOMAS HUXLEY que o citou pela primeira vez em 1869. Com ele quis dar nome à atitude de quem se recusa a admitir que as questões que não podem ser elucidadas (ou resolvidas) pela ciência sejam esclarecidas pela crença irracional em algum SER ou Sistema superior ao Homem. Questões metafísicas como, por exemplo, a existência de Deus, da Alma etc. que não são respondidas pela Ciência, mas que os crédulos aceitam como se fossem solucionadas pela fé. THOMAS declarou que criou esta palavra como opositora à palavra GNOSE, ou GNOSTICISMO* cuja proposta é saber a resposta para as tais questões. Saber que se originaria da compreensão de Leis que escapam à Ciência Positiva ou Ci-entifica. O termo foi retomado por DARWIN que numa carta de 1879 declarou-se Agnóstico. O fisiólogo alemão DU-BOIS RAYMOND em 1880 também escreveu em sua obra “Sete Enigmas do Mundo” que as CAUSAS que ensejam o apareci-mento das Coisas Perceptíveis, não podem ser conhecidas por estarem além da capacidade intelectual do Homem. Para avalizar sua opinião, vejamos o seguinte exemplo: quase que con-sensualmente admite-se que o Universo teve inicio a partir da Grande Explosão (Big Bang) que espalhou em forma de matéria ou força, a Energia que antes estava contida em certo local. Mas o quê era essa Energia e o que motivou tal explosão são desconhecidos e, claro não é explicado pela Ciência. Ainda nessa época , em 1892, a filosofia de KANT passou a ser chamada de AGNÓSTICA na medida em que ele separou o Fenômeno (que o Homem pode perceber ou captar pelos Sentidos ou através de processos Racionais) e a Essência (NUMENO ou A COISA-EM-SI) das coisas. Aliás, para KANT, temos a capacidade de intelectual de estudarmos quase todos os aspectos dos Fenômenos (em sua CRITICA da RAZÃO PURA1, ele tenta mostrar até onde chega essa nossa capacidade de Raciocinarmos e entendermos), mas somos incapazes de Saber o que há por “trás das coisas”. Desde então, os Cientistas vem utilizando o termo para nomearem suas condutas, baseadas na Ciência, frente às especulações sobre assuntos que estão além do Físico. Ao invés de se posicionarem sobre a existência ou não, ou sobre a propriedade ou não, de tais questões eles se recusam a pu-blicar qualquer opinião sobre as mesmas. Por fim, acrescen-te-se que o Agnosticismo reduz o Objeto (de estudo, de de-voção) da Religião (isto é, Deus, as Almas etc.) à categoria de “Mistérios” insolúveis. Não nega que possam existir outras Realidades para além do que conseguimos perceber, mas afirma que as mesmas não podem ser “Sabidas” pelo Homem porque lhe falta capacidade intelectual para tanto.
1. Critica da Razão Pura, para muitos é a obra mais importante de Kant, que nela analisa até que ponto chega a capacidade de Raciocínio do Homem. Deverá ser entendida como: “o estudo minucioso da capacidade do Raciocino do Homem”.

ACOMISMO – do Frances “ACOMISME”. Novamente o prefixo formado pelo artigo “A” indica a oposição a uma tese. Assim, temos que:
COSMO = Universo, Mundo. A-COSMO = não Universo. Não Cos-mos
Termo criado e utilizado por HEGEL para defender ESPINOZA, acusado de Ateísmo*. Para ele, o holandês não confundia Deus com a Natureza, com o Mundo ou com o Universo ma-terial e finito. Ao contrário, ESPINOZA, na verdade, nega que o Mundo ou Universo sejam Reais1. Seriam apenas Fenôme-nos ou Aparências captáveis pelos Sentidos ou produzidos pelo uso da Razão ou Raciocínio. O que há de Real (substância ou essência) é justamente Deus. Logo, se Deus e o Universo físico são diferentes ou distintos a Filosofia de ESPINOZA não pode ser intitulada de Atéia, mas de A-COSMICA. Deus não é (apenas) o Universo Concreto, físico; o qual, nessa medida, seria tão somente o Fenômeno daquela Substância, ou seja: Deus é a Essência enquanto o Universo Físico é a sua apa-rência exterior que pode ser captada e compreendida pelo Homem. Observa-se que HEGEL usa de certa ironia ao afir-mar que as acusações contra ESPINOZA decorreriam do fato de que é mais fácil negar Deus que negar o Cosmos, vez que este último é plenamente passível de ser estudado, enquanto que a Divindade é oriunda tão somente da crença. Pensam os detratores, e não sem motivos, que negar o Cosmo equi-valeria negar a Si próprio, pois como existir o Sujeito que capta o que inexiste?
1. Reais ou Realidade: do latim “REALIS”, diz-se daquilo que existe de fato e não como simples aparência. Existe em Essência. O que há “por trás” das manifestações percebidas pelo Homem. Que se refere à Coisa. A definição da Coisa e não apenas o nome daquela Coisa.

AMORALISMO – como já se mencionou, o artigo “A” na função de prefixo quase sempre indica o contrário de um conceito ou afirmativa. Porém, aqui, indica aquilo que está acima ou além das Normas, das Leis, Convenções e congêneres que formam o conjunto chamado de Moral. Antes de prosseguirmos julgamos oportuno reafirmar a diferença entre o Amoral e o Imoral1, pois este último é quem se opõe à Lei visando alguma vantagem em particular e ilegal. Já no Amoralismo o que se tem é o desprendimento das Normas, Leis e Convenções Morais, as quais até poderão ser contrariadas, mas sem que haja a prévia intenção de que com isso usufruir de alguma vantagem. Amoral é aquele Indivíduo que reconhece no conjunto da Moral vigente tantas e tais imper-feições, hipocrisias e semelhantes que simplesmente passa a devotar um sincero desprezo ao mesmo. Ele está acima ou além da Moral. Seu quadro de Valores é diferente daquele preconizado pela maioria e contra esse aprisionamento é que ele se rebela, sem, contudo, ganhar algo além do direito de viver sua escala de valores. Tomemos como exemplo o Indi-víduo que já foi além daqueles valores tidos como corretos e, assim, para ele ter dinheiro, status, honrarias etc. perdeu o sentido, pois ele está além desses desejos banais. O Indivíduo Amoral não pratica a “má ação” intencionalmente. Não visa benefícios indevidos. Apenas o direito de pensar diferente. Tomemos outro exemplo: o comportamento de alguns artistas cujos modos (indecentes para o vulgo e inocentes para ele) chocam com as regras da Moral vigente em sua época. Poetas e intelectuais brasileiros que pediam o fim da escravidão eram tidos como arruaceiros e contrários “aos bons costumes”; cantores americanos que pregavam o fim da guerra do Vietnã eram considerados covardes e traidores da Pátria. Outros exemplos são visíveis em todas as Épocas, pois a Moral é relativa e mutável em essência. Normalmente são os indivíduos mais capazes intelectualmente que percebem o primarismo, senão a hipocrisia, dos dogmas morais e mediante sua recusa em aceitá-los se tornam, em menor ou maior escala, a vanguarda da mutação na própria Moral. Propõem com seus próprios exemplos as mudanças nos pa-drões e a substituição de certos valores por outros que lhes pareçam mais apropriados com o momento social que se vive (e as modificações nas sociedades geralmente são produzidas pelas evoluções tecnológicas e só depois teorizadas e aceitas). Em termos mais amplos de Filosofia, pode-se citar como exemplo do amoral o filósofo NIETZSCHE que propunha a troca da Moral Cristã, baseada nos ascetismo, na penúria, no sofrimento e no conformismo (e na covardia, segundo o Pensador alemão) pela Moral ou Moralidade simbolizada por DIONISIO (vulgarmente conhecido como BACO) que simbolizava a satisfação dos desejos de modo quase que hedonista2. A mansidão seria substituída pela Potência da Vontade, ou em outros termos pela primazia do Instinto sobre a Razão. Pela alegria em lugar da tristeza e pela plena vigência da “Seleção Natural” que daria vida apenas aos mais fortes e capazes de afrontarem dogmas e regras que lhe fossem prejudiciais.

1. Ver Imoralismo
2. Ver Hedonismo

ANARQUISMO – ao contrário do sentido que vulgarmente lhe é atribuído, o Anarquismo NÃO É a destruição pura e simples de todas as regras, normas e leis, eliminando-se desse modo o Estado, a Religião, a Moral e outros valores que embasam as Sociedades. E devolvendo o Homem ao seu estado selvagem, ou como dizem “Estado de Natureza”. A proposta do Anarquismo é a de preservar a Sociedade, porém noutros moldes. Nesse novo modelo, seria incontestável que o Homem é a “Única Realidade”, ou seja, apenas o Ser Humano existe efetivamente enquanto que o restante é apenas um mero Fenômeno1. Fenômenos que por deturpações (ou oriundos da natureza humana?) tomaram tal importância e proporção que aprisionam o Indivíduo cerceando-lhe até a liberdade mais intima, posto que lhe impõe restrições até em seu modo de pensar. Restabelecida a primazia do Homem, a Sociedade seria formada a partir da associação voluntária de cada um e tudo seria feito em prol de cada um indivi-dualmente e não, como na Sociedade de sua época, em beneficio do coletivo ou de certa Classe. Dessa sorte, em termos literais, tem-se que o Anarquismo é a Doutrina que prega ser o Homem a “Única Realidade” ou “Essência” e que tudo que servir para aprisionar o Indivíduo deverá ser ex-terminado, pois esses controles são ilegítimos, embora sejam legalizados. Aliás, seguindo essa linha, teremos que o próprio Estado, na condição de legislador e executor das medidas coercitivas é Ilegítimo, e, portanto, passível de ser extermi-nado. As estruturas sociais que lhe substituírem serão feitas a partir da livre vontade de cada Individuo, o qual vendo que tal Sociedade lhe cobre de dignidade e serventias, naturalmente achar-se-á inclinado a tratar seu semelhante do mesmo modo, substituindo-se a Justiça punitiva por outra superior em que se valorizará o entendimento e a prevenção. O homem voltaria a ser “a medida de todas as coisas”, como afirma-vam os Sofistas2 e especialmente PROTAGORAS3, que com esse axioma queria afirmar que tudo deve ser feito visando à satisfação do Ser Humano. PROUDHON (1809/1865) é dado como o criador da Doutrina Anárquica e sua primeira preocupação foi demonstrar que a Justiça não pode ser im-posta ao Indivíduo, mas – como já nos referimos – seria ela uma capacidade nata de cada Indivíduo que através dela (e sem ser coagido pela pressão da sociedade) perceberá natu-ralmente que seu semelhante é tão digno de respeito e cor-dialidade quanto ele próprio. Sem sair de sua Consciência (no sentido de capacidade de julgamento) Individual, o Ser Humano se adequaria facilmente à Coletividade. Em sua obra de 1858 “A Justiça na Revolução e na Igreja”, PROUDHON expõe seu desejo de que o Estado fosse reduzido a alguns grupos - cada qual com funções especificas – que estariam unidos por uma Lei Comum e por Interesses mútuos. Claro que tal Sociedade seria constituída sem a existência da Pro-priedade Privada, a qual o filósofo chama de “Furto” em outra de suas obras: “O que é a Propriedade?”, publicada em 1840. Aqui, achamos necessário fazermos outro recorte: em última análise PROUDHON propõe o regresso a um tipo de Sociedade primitiva onde os laços eram familiares e reunidos em clãs. Soci-edades coletoras e caçadoras em essência, pois o pastoreio e a a-gricultura, por si, já indicariam algum tipo de produção resultante de trabalho o que fatalmente levaria a alguma reivindicação e posterior apropriação. Ou seja, Propriedade Privada. A ideologia de PROUDHON permite uma segunda visão sobre a mesma e se quisermos inverter o eixo de nossa observação poderemos ver o filósofo como requerente de uma nova forma de Estado que evoluiria até o ponto de se tornar o mais justo possível. Contudo, em ambos os casos, ver-se-á a preocupação de que o Indivíduo seja mais valorizado que o Coletivo, o qual, a rigor, é apenas uma abstração longe de ser Real. Em termos mais amplos da Filosofia, fugindo de seu aspecto de Política, vamos encontrar MAX STINER (pseudônimo de GASPAR S-CHIMDT 1806/1856) que é dado como o teórico mais impor-tante dessa tendência. Em sua obra “O Único e sua Proprie-dade”, de 1845, ele reafirma a primazia do Individuo, que também para ele é a “Única Realidade” e o “Único Valor”. Ou, em outros termos, é o Único Ser que existe em Essência e que por isso tudo deve ser adequado aos seus interesses. Também reafirma que subordinar o Indivíduo à Lei do Estado, da Religião e a outras Normas – que visam primeiramente o beneficio do Coletivo – é impossível, pois o Homem apri-sionado por algo que é diferente dos seus anseios e de suas convicções e idiossincrasias mais intimas pode até ser sub-metido (mesmo que pela força bruta), mas sempre obedece-rá de mal grado e ao se tornar refém dessas normas, con-venções e afins torna-se um mero escravo, com todas as mazelas que essa condição implica. Dessa sorte, para MAX, a única forma de convívio social seria numa Sociedade sem hierarquia, onde o Indivíduo adentraria de forma voluntária e tão somente para multiplicar sua capacidade de obtenção dos recursos necessários à vida. Saberia que essa associação é apenas um MEIO e não uma FINALIDADE, como pregaram PLATÃO e HEGEL, dentre outros. Embutida nessa Idéia de uma nova Sociedade acha-se a necessária e inevitável des-truição da Sociedade existente, o que seria feito através da insurreição popular, pois imaginar que o Homem volte aos seus primórdios (no Estado de Natureza) seria menos crível que acreditar que ele seria capaz de lutar contra a opressão que lhe é imposta. E foi justamente nessa crença que os A-narquistas Russos insistiram. Anarquistas que conviveram com os Leninistas e Trotskistas na época da Revolução de 1917 e 1922. Dentre eles, o mais conhecido (o mais impor-tante?) foi MIGUEL BAKUNIN (1814/1896) que em um de seus números escritos, “Deus e o Estado”, de 1874, reafirmava a imperiosa necessidade de se destruir todas as Leis, Convenções, Instituições, Religiões, Crenças, Superstições etc. Em 1923, G.LANDAUER, em sua obra “Die Revolution” também pregou que a Ordem Social existente era o efetivo MAL, enquanto que a “Nova e Libertária Ordem” seria o BEM efetivo. E que o BEM esmagaria o MAL trazendo uma nova vida para os Homens. É claro que a visão desses pensadores era eivada de certo romantismo, pois pressupunha – no estilo do “Bom Selvagem” de ROUSSEAU – que o Ser Humano estaria isento da Vontade, conforme SCHOPENHAUER4; do cego e irracional instinto de sobrevivência. Hoje sabemos que não, mas não época ainda era possível crer que o Homem fosse superior aos outros animais com quem convive.
1. Fenômeno – a matéria, aparência, o concreto e perecível.
2. Sofistas – pseudo filósofos gregos que privilegiavam o ensino da Oratória e descuidando do conteúdo da matéria.
3. PROTAGORAS – sofista de grande fama e que é citado por SOCRATES, através da pena de PLATÃO.
4. SCHOPENHAUER – dito o “Filósofo do Pessimismo”. Sobre ele (e mais alguns outros Pensadores) traçamos um breve artigo nessa obra.

ANTROPOMORFISMO – é a tendência de interpretar todo tipo de acontecimento ou fato (ou, como é comum, para retratar Deuses, ou o Deus Cristão,) como sendo semelhante ao Homem, quer nos aspecto físico, quer nas atitudes. Já na Grécia Antiga ou Clássica, os deuses e deusas eram igualados aos Homens, tendo as mesmas virtudes e os mesmos defeitos. Eram dotados de inteligência, valentia, covardia, potencial, ciúme, ira etc. O filósofo XENOFANES de COLOFÃO, dizia sobre essa tendência que até os animais representariam seus deuses à suas semelhanças e, de fato, cada Etnia, no passado, fazia seus deuses com as mesmas características que as suas próprias. Assim, o deus dos Etíopes era negro, o dos Frigios louro e o próprio Deus cristão é representado como um ancião de aspecto severo. Quando avançamos um pouco mais nessa necessidade humana de representar o abstrato como se fosse similar ao seu devoto é possível especular que grande parte do sucesso alcançado pelo Cristianismo talvez seja efeito do fato de que Deus acabou sendo representado pelo Homem chamado Jesus (... e o Verbo se fez Carne ...). Deus teria então ficado mais acessível aos seus crentes. É oportuno que aqui também citemos a recusa dos Judeus em falar ou pronunciar o “nome” de Deus, pois é provável que a intenção fosse justamente coibir que um SER abstrato ganhasse contornos físicos e que com isso perdesse sua aura de mistério e de poder. Uma vez identificado e assemelhado ao Homem poderia perder até um bocado de sua autoridade que deveria ser incontestável. O Antropomorfismo, todavia, não se prende só à Religião e o avanço da Ciência só aconteceu quando houve uma quebra na visão do Humanismo. O Homem deixou de ser “a medida de todas as coisas”, ou seja, perdeu o posto de ser a espécie escolhida e nem tudo deveria ou deverá ser feito para aten-der suas vontades, necessidades e caprichos. Atualmente, essa quebra de Status vai se aprofundando cada vez mais e já é quase consensual no Mundo Cientifico que os Humanos são apenas mais das espécies que habitam o Mundo. Conse-quentemente a doutrina do Antropomorfismo foi cedendo terreno e não será de todo uma surpresa se acabar sendo extinto com o avanço dos Saberes científicos.

APRIORISMO – A PRIORI, ou: anterior a, antes (normalmente ANTES da Experiencia1 Empirica2). A POSTERIORI: depois de (normalmente DEPOIS da Experiência Empírica). Apriorismo é, então, o estudo ou a tendência filosófica que se debruça sobre as questões que envolvem os conceitos A PRIORI e seu oposto, A POSTERIORI. Vamos nos aprofundar no estudo dessas palavras, pois lhes conhecendo melhor deduz-se com clareza o que vem a ser a corrente APRI-ORÍSTICA. Mas antes de entrarmos no estudo dessa Doutri-na é oportuno que esclareçamos o termo EMPIRICO: diz-se da captação de Saber ou de Conhecimento através dos Sentidos, como, por exemplo: eu toquei (tato) a laranja e Soube que sua casca é (ou está) áspera; eu escutei (audição) a aula e entendi o porquê da maré existir. Isto se aplica aos cinco sentidos que geralmente todo Ser Humano possui. As exce-ções ficam por conta dos deficientes, tal como os cegos que não tem o Sentido da Visão. As outras espécies talvez tenham menos, ou os tem de modo que ainda não os compre-endemos. Dessa sorte, empiricamente é todo Conhecimento que se adquire através do que os Sentidos captam de experi-ências realizadas, intencionalmente ou naturalmente. É o Saber advindo da experiência que após ser captado ou per-cebido por um ou mais Sentidos chega à Razão (ou à capaci-dade de Raciocinar) que os processa. Isto colocado, discorre-remos sobre o estudo desses termos que, conforme a voz corrente e habitual dos Grandes Pensadores servem a princi-pio para dar nome aos elementos de três diferenciações, ou distinções, que são básicas para o estudo de Filosofia. A sa-ber:
1. A diferença entre a demonstração da Causa ao E-feito; ou seja, a demonstração (que se faz de qual-quer afirmativa ou sobre qualquer assunto) que mostra a Causa (o motivo) que gerou algum Efeito (algum resultado, ou coisa pronta, ou fato consu-mado). Essa distinção vem do Aristotelismo*, atra-vés da Filosofia Escolástica3. Aristóteles4 afirmou que: “o que é anterior e mais conhecido para nós e o que é anterior e mais conhecido por Natureza” deveria ser entendido da seguinte maneira: “ante-rior e mais conhecido em RELAÇÃO a nós” é quando nos referimos àquilo (ou ao Conhecimento daquilo) que está mais perto da Sensação. Sensação que é sinônimo de Percepção (ou o quê é captado, ou sentido, ou percebido através dos Sentidos). Já quando dizemos: “mais conhecido por Natureza” referimo-nos ao que está mais distante da Sensa-ção; ou seja, aquilo que é Sabido ou Conhecido sem que haja necessidade de que os Sentidos cap-tem alguma coisa. Ainda segundo Aristóteles, os objetos mais distantes da Sensação são Universais (ou seja, não importa o que cada Individuo Saiba ou Pense sobre ele, pois ele será daquela maneira). Obviamente que os que estão mais próximos da Sensação, são os singulares, pessoais (aqueles que “sofrem” certas alterações (reais ou só imaginárias) graças ao modo como são percebidos por aquela Pessoa. Pois bem, fica claro que dos Primeiros pode-se saber A PRIORI, pois não dependem da Experiência Direta, Pessoal, para serem conhecidos. O inverso aplica-se, naturalmente, aos Segundos, os quais só podem ser conhecidos A POSTERIORI, pois demandaram que fossem percebidos empiricamente, para que se tornassem Sabidos ou Conhecidos.
2. A segunda diferenciação, ou distinção, vem da filo-sofia árabe que a partir do sábio ALFARABI passou a diferenciar os modos de se Conhecer algo, con-forme abaixo:
PROPTER QUID – a PRIORI, ou Demonstração Per-feita, é aquela que vai da Causa ao Efeito, similar ao que propõe Aristóteles, supracitado. É a de-monstração que esclarece qual a Causa (a razão, o motivo) que produziu tal Efeito, que causou aquele acontecimento, aquele fato, aquela sensação, a-quele pensamento etc.
PROPTER QUIA – a POSTERIORI, ou Demonstração Imperfeita, que é a que inverte a Ordem acima. Vai dos Efeitos em busca da Causa. Qual é a Causa (ou o motivo) de ter acontecido este Efeito? Tome-se o seguinte exemplo: se o Homem foi criado por Deus, então é porque Deus existe.
Estes dois vocábulos árabes é que deram origem, por tradução de São Alberto da Saxônia, aos termos PRIORI e POSTERIORI, que foram largamente utilizados na Idade Média, pelos filósofos da Escolástica.
3. A terceira diferenciação aconteceu com os Empiris-tas Ingleses a partir do Século VXII, graças a LOCKE e seus pares. A partir deles, esses termos ga-nharam um significado mais amplo, não servindo apenas para identificar que tipo de Demonstração, ou Explicação, esta sendo oferecida para elucidar algum fato, ou teoria. Disso resultou a definição que ainda hoje é a mais conhecida pelo meio: A PRIORI, os Conhecimentos alcançáveis através do exercício da Razão (ou do Raciocínio). A POSTERIORI, os Conhecimentos que só são possíveis mediante as Experiências Empíricas. HUME e LEIBNIZ (que não era Empirista) acordaram que entre os dois termos há um contraditório, o que impede que sejam igualados e a partir desse acordo, estabeleceu-se outra diferenciação, só que agora de maior proporção: O Empirismo que advoga que todo Co-nhecimento nos chega através dos Sentidos, ou da Experiência Empírica e o Idealismo que sem des-cartar a importância dos Experimentos afirma que os Conhecimentos captados pelos Sentidos têm que ser processados pela Razão (ou Raciocínio), pois se não seriam inúteis.
Por outro, para o filósofo KANT, A PRIORI é o Conhecimento que independe da Experiência, mas não lhe é anterior no sentido cronológico. O filósofo das “Criticas” transformou o significado desses termos do seguinte modo:
A PRIORI PURO: são os Conhecimentos que além de não de-penderem da Experiência, são desprovidos de qualquer ele-mento Empírico, ou de qualquer forma de captação que en-volva os Sentidos. Por exemplo: a afirmação “toda mudança tem uma Causa” pode ser A PRIORI, mas NÃO A PRIORI PU-RA, pois o conceito “Mudança” só pode advir da Experiência. Para ele, A PRIORI, não está apartado do Conhecimento, mas é, antes, a condição para que todo Conhecimento Objetivo (impessoal, concreto, físico) exista, pois para KANT A PRIORI, na verdade, era a Fôrma (ou a embalagem) onde são inseridos os Saberes ou Conhecimentos obtidos através da Experiência. Ou seja, os Conhecimentos ou Saberes A POS-TERIORI. Nessa “Fôrma” os Conhecimentos coletados pelos Sentidos são processados, conforme as “Categorias do Pen-samento”, e se tornam Conceitos ou Explicações para o pro-blema estudado. No “A PRIORI” baseiam-se os Conhecimentos da Matemática e da Física Pura, posto que ambos são Conhecimentos que dispensam a Experiência. Todavia, A PRIORI, por si, não é Conhecimento (um saco vazio, mal comparando), mas é a função, a maneira de se condicionar Universalmente os Conhecimentos, quer sejam os Sensíveis (de Sensação, isto é, aqueles oriundos do que os Sentidos captaram), quer sejam os Intelectuais (produzidos pelo exer-cício do Raciocínio ou Razão).
JUÍZOS SINTÉTICOS A PRIORI: são possíveis em razão das fôrmas (ou embalagens, ou receptáculos) A PRIORI da Sen-sibilidade e do Intelecto; ou seja, em virtude da Sensibilidade e do Intelecto estarem “preparados, programados” para con-dicionarem e acondicionarem os Conhecimentos. Para KANT, A PRIORI é a fôrma (mal comparando, igual a que se usa para assar um bolo, o qual lhe toma a forma) não só dos Conhecimentos, mas também da Vontade e do Sentimento, posto que neles subsistem elementos A PRIORI. A idéia de KANT foi assumida pela maioria dos Sábios modernos. O Ide-alismo* Romântico, por exemplo, corrigiu-se ao admitir que todo Saber é A PRIORI, isto é, totalmente produzido pela atividade do Eu (da consciência, da Razão, do Raciocínio mais os Sentimentos). Assim pensaram FICHTE e SCHELLING. E HEGEL, por sua vez, julgava que o Pensamento é a Negação de tudo que é fundamentado na Experiência (ou A POSTERIORI), na medida em que para ele o Real (a Realida-de) é Racional; ou seja, tudo que é A POSTERIORI pode e deve ser Negado pelo Pensamento, pois só este é capaz de afirmar conclusivamente, vez que os Sentidos são falhos. HUSSERL expôs a noção de “A PRIORI MATERIAL”, a qual se liga à das Ontologias* Regionais, pois segundo ele: “Conhe-cimento Sintéticos A PRIORI deveriam estender-se às Afir-mativas Regionais. Na filosofia Contemporânea o A PRIORI, no Sentido dado por KANT, e por HEGEL é quase sempre ne-gado, pois conforme REICHENBACH: “Nada existe semelhante a auto-evidência: as únicas fontes possíveis de Conhecimento são a Percepção Sensível (o quê os Sentidos captam ou percebem) e a auto-evidência das Tautologias5.
1. Experiência: todo e qualquer estudo feito voluntariamente ou não. O ato de se medir uma mesa, por exemplo, é uma experiência que fornece a quem a mede um dado do objeto: seu tamanho.
2. Empírica: tudo que se relaciona com estudos ou experiências ou fatos aleatórios que foram captados ou percebidos por um ou mais dos Sentidos (tato, visão, audição, paladar, olfato).
3. Escolástica: tendência filosófica que dominou o cenário na Idade Media. Basicamente pretendia conciliar a fé com a Razão e se propôs a transformar o Pensamento de Aristóteles no avalista dessa afirmativa.
4. Tautologia: genericamente significa um discurso ou uma definição viciosa e inútil, pois só repete no Predicado (as qualidades de que se fala) e no Final, ou conseqüência o conceito que já havia no primeiro elemento. Por exemplo: “um quarto de hora antes de morrer, ainda vivia”.

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quinta-feira, outubro 15, 2009 - 00:25

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