CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Nunca Mais

nunca mais

 

Eu sempre colhi os cogumelos...principalmente os negris(um nome que a fadameiobruxameioflor colocou para separar os especiais dela, que roubava o sabor das flores)Esses - ela dizia - devem ser colhidos por mãos leves que tocam seda...eu sempre toquei sedas. Bordava elas em forma de véus e fios de ouro que minha mãe tecia. Talvez por isso, os cogumelos me encantavam, até os mais venenosos e eu ria quando meu irmão passava longe deles, achando que só de passar perto, morria.
Um dia, à beira do algo que circundava a floresta ela sussurrou olhando minha cestinha cheia dos negris: toque nele...tirou um mais volumoso e colocou na minha mão. A maciez era surpreendente. Parecia que a qualquer momento se transformaria no cetim suave dos tecidos.
Não! - Ela me interrompeu - toque com os olhos fechados e sinta a textura e a emoção dele.
Um dia, ao leve toque da alma entenderá esse momento. E saberá o que quero dizer. Quando as emoções trespassarem a fronteira do querer e a vontade ser mais forte do que o que tem que ser...me entenderá. Aí, eu já serei poesia.
E você já viverá poesia. E mesmo que seja um sentimento passageiro será tão intenso que será eterno.
Hoje, quase 34 anos depois eu entendo e sinto a linguagem do toque.
Como pode?! Sem nem saber como seria e o que seria ser!
Hoje eu sou
Mariana Gouveia - Das delicadezas dos instantes
Esta madrugada senti a delicadeza dos montes,
Hoje me deu o sortilégio um céu carregado de pólvora, tudo á minha volta parecia tombar de chuvas conhecia o milho painço e as maçarocas que não cresciam mais nos campos mas os cogumelos enfeitiçados eram o instante magico e ali fiquei deitado observando um; castanho morto e grande, como que restos d’ uma civilização habitava nele e sob o grande chapéu castanho, quase seco.
Imaginei a fronteira entre o ser e o imponderável, sustive a respiração assim, pousando a mão, e fui aproximando de leve, pousando como não querendo afugentar, o toque eminente no brilho suave como se fosse o último e sagaz segredo.
A delicadeza da natureza ainda me impressionava, os céus tugidos , as cores fortes , os orvalhos e os cheiros das florestas nas chuvas matinais.
Também aqueles seres pressentiam a mudança nos céus, no rodopio das nuvens na poesia das estações que proclamavam nunca vistas nuvens com diferentes formas, diferentes sensações nunca antes sentidas nas mudanças de anteriores estações.
Tocou-me ou toquei-lhe a medo nos lábios brandos, perpassou-me uma humidade alucinada e virei de poema em poeta, era intenso o sentido e manso o momento, a minha alma apreendia sensações.
Próximo, no ramo mole da acácia um covo preto gritou dizendo, para meu espanto”nunca mais” assim sem menos nem mais “nunca mais”.O meu coração ficou parado, olhando o bico ousado deste corvo que pousou nos meus ombros gritando, afasto-me e ele pousa no Quercus” nigrus” e continua falando “nunca mais”.
Ainda hoje quando passei de novo na floresta o corvo me ameaçou, pregando “nunca mais”, segui-o com os olhos e ele perde-se nela, cada vez menos floresta, cadáver do que já foi e o corvo pousa e vai ,vai pró fundo ainda mais fundo na floresta morta mais uma vez gritando “nunca mais”

Jorge Santos

Submited by

domingo, janeiro 9, 2011 - 21:22

Prosas :

Average: 5 (1 vote)

Joel

imagem de Joel
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 9 semanas 6 dias
Membro desde: 12/20/2009
Conteúdos:
Pontos: 42009

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Joel

Tópico Título Respostasícone de ordenação Views Last Post Língua
Ministério da Poesia/Geral tenho dias 1 2.938 03/01/2018 - 10:58 Português
Ministério da Poesia/Aforismo 2 1 3.332 03/01/2018 - 10:56 Português
Ministério da Poesia/Aforismo vendaval 1 3.829 03/01/2018 - 11:01 Português
Ministério da Poesia/Aforismo procissão 1 1.540 03/01/2018 - 18:00 Português
Ministério da Poesia/Aforismo caim 1 4.667 03/01/2018 - 11:02 Português
Ministério da Poesia/Geral leve 1 1.549 03/01/2018 - 11:06 Português
Ministério da Poesia/Fantasia tarou 1 8.796 03/01/2018 - 11:05 Português
Ministério da Poesia/Aforismo juntei sobra 1 1.412 03/01/2018 - 11:05 Português
Ministério da Poesia/Geral teima 1 4.235 03/01/2018 - 11:04 Português
Ministério da Poesia/Aforismo greve 1 1.743 03/01/2018 - 17:31 Português
Ministério da Poesia/Amizade sei 1 3.104 03/01/2018 - 13:51 Português
Ministério da Poesia/Geral quase 1 4.165 03/01/2018 - 16:10 Português
Ministério da Poesia/Geral quase 1 9.474 03/01/2018 - 11:10 Português
Ministério da Poesia/Aforismo a um deus anão 1 2.063 03/01/2018 - 11:09 Português
Ministério da Poesia/Geral Gautama 1 1.420 03/01/2018 - 11:08 Português
Ministério da Poesia/Geral desafia-me 1 3.305 03/01/2018 - 11:08 Português
Ministério da Poesia/Aforismo travesti 1 1.604 03/01/2018 - 11:07 Português
Ministério da Poesia/Aforismo payote 1 2.362 03/01/2018 - 11:07 Português
Ministério da Poesia/Aforismo Tal me fez Pessoa 1 2.021 03/01/2018 - 18:45 Português
Poesia/Geral Samarkand 1 2.482 12/17/2010 - 19:32 Português
Poesia/Geral Flores Indizíveis 1 1.237 12/18/2010 - 22:47 Português
Poesia/Geral Tenho saudades de quando ignorava que havia mundo… 1 1.672 12/29/2010 - 22:26 Português
Poesia/Geral Príncipe Plebeu 1 1.565 12/29/2010 - 22:29 Português
Poesia/Gótico Dò,Ré,Mi... 1 1.137 12/30/2010 - 14:16 Português
Poesia/Geral Terra á vista 1 948 01/13/2011 - 02:13 Português