CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Oásis
Um lençol de água azul-turquesa ondulava, indiferente ao sol escaldante do deserto.
Cristalino, o riso da água em copos de cristal com perfume a chá de menta.
Largou o vestido nos arbustos, mergulhou, e o vento dançou nas palmeiras.
O cavalo descansava.
A menina nadava, sem se importar, porque amanhã não existe, e hoje, o tempo parou.
Foram dias e noites, semanas incandescentes, marcando passos lentos nas dunas onde o sol ardia mais.
Mergulhava agora, e renascia.
Lavava a alma, para todo o sempre, que é quanto dura um instante inquebrável de eternidade.
E a água levou a exaustão, o vento em pedra nos pulmões. Arritmias e quebras de tensão, no limiar da perda de consciência.
Areias lisas, moldadas pelo absoluto.
Nunca entendeu o fascínio desesperado que exercia sobre si o solo estéril, inanimado.
Os raios de sol em fogo. O ar filtrado a custo.
Tinha o deserto na pele. Inevitável. Permanente. Tatuagem ancestral.
Vibrava em todo o seu ser errante.
Havia um palácio das mil e uma noites, com jardins maravilhosos e flores encantadas que perfumam as estrelas.
Memorias de um tempo por viver. Imagens passageiras e difusas que acordavam a noite nos seus gritos.
Tudo o que deixaria para trás rumo à ilusão desconhecida de um oásis inventado.
Certo dia, um génio azul, soltou-se em nuvem numa caverna, e iluminou a escuridão, no fundo dos seus olhos.
Um desejo? Fugir de tudo o que conhecia.
Pediu-lhe um cavalo. Um cavalo árabe, todo branco, enfeitado com as moedas de ouro que as odaliscas fazem tintilar nos seus véus.
Um cavalo manso, que não a fizesse cair, mas valente e corajoso, que não temesse serpentes ou escorpiões, nem recuasse frente às fileiras de aço dos clãs rivais.
No dorso do seu desejo, conheceu o mundo desaparecido.
A esfinge e as pirâmides.
As galerias de escaravelhos preciosos.
O tesouro para sempre encerrado no mistério das areias.
As mulheres de negro desvendavam-se nas festas da princesa, filha do Sultão.
Eram belas como fadas em longos vestidos etéreos que as faziam flutuar.
Ouviu a música ao longe, já quase ao amanhecer.
O sol ardia no horizonte, devagarinho, desvendando sombras.
Desmontou.
No poço real o cavalo bebeu o seu reflexo.
Viu os convidados partir.
Homens de branco e mulheres de negro regressavam de camelo ao mundo das sombras que ditava os seus dias.
O palácio adormeceu… e a vida resplandecia no brilho novo da manhã.
Encheu os olhos daquela luz e contemplou a beleza do silêncio.
Clandestina, do seu porto seguro.
O Oásis onde seria feliz.
Largou os farrapos do vestido em pó sobre um arbusto e mergulhou num lago brilhante de turquesas.
O horizonte do seu deserto.
O génio sorriu de uma nuvem.
Ela ainda não sabia, mas tinha chegado a casa.
Submited by
Prosas :
- Se logue para poder enviar comentários
- 1680 leituras
other contents of JillyFall
Tópico | Título | Respostas | Views |
Last Post![]() |
Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Tristeza | pária | 4 | 623 | 02/26/2010 - 11:52 | Português | |
Poesia/Desilusão | nao-historia | 4 | 574 | 02/26/2010 - 11:46 | Português | |
Poesia/Fantasia | é o eterno segredo | 2 | 935 | 02/26/2010 - 00:21 | Português | |
Poesia/Tristeza | prisioneira | 5 | 772 | 02/26/2010 - 00:00 | Português | |
Poesia/Tristeza | a minha casa | 3 | 828 | 02/26/2010 - 00:00 | Português | |
Poesia/Paixão | nao sei | 4 | 601 | 02/24/2010 - 22:24 | Português | |
Poesia/Meditação | a minha existencia | 3 | 534 | 02/24/2010 - 22:23 | Português | |
Poesia/Tristeza | vazio | 4 | 653 | 02/24/2010 - 22:22 | Português | |
Poesia/Desilusão | sol | 3 | 713 | 02/24/2010 - 22:22 | Português | |
Poesia/Tristeza | folhas soltas | 2 | 736 | 02/24/2010 - 21:35 | Português | |
Poesia/Desilusão | sonho perdido | 2 | 566 | 02/24/2010 - 20:32 | Português | |
Poesia/Fantasia | Astrológica | 1 | 571 | 02/24/2010 - 03:41 | Português | |
Poesia/Tristeza | sombras | 2 | 743 | 02/21/2010 - 14:16 | Português | |
Poesia/Fantasia | saudade | 4 | 824 | 12/08/2008 - 23:57 | Português | |
Poesia/Amor | procuro | 5 | 715 | 11/17/2008 - 00:04 | Português | |
Poesia/Tristeza | I madrugada | 6 | 712 | 06/12/2008 - 13:35 | Português | |
Poesia/Tristeza | III madrugada | 2 | 675 | 06/10/2008 - 18:59 | Português | |
Poesia/Tristeza | II madrugada | 3 | 824 | 06/10/2008 - 13:07 | Português | |
Poesia/Fantasia | Do outro lado do espelho | 6 | 1.554 | 06/05/2008 - 19:49 | Português | |
Poesia/Tristeza | recortes | 2 | 602 | 05/21/2008 - 00:37 | Português | |
Poesia/Fantasia | é o eterno segredo | 2 | 890 | 05/15/2008 - 22:03 | Português | |
Poesia/Gótico | madrugada | 2 | 870 | 05/15/2008 - 13:19 | Português | |
Poesia/Desilusão | espaço intermédio | 1 | 1.164 | 05/15/2008 - 03:18 | Português | |
Poesia/Tristeza | cidade | 1 | 887 | 05/15/2008 - 03:16 | Português | |
Poesia/Fantasia | A Fada | 2 | 985 | 04/22/2008 - 21:35 | Português |
Add comment