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nao-historia

Acabou, a mais estranha de todas as não-historias.
A mais platónica e virtual.
A dois passos da realidade.

Com uma voz tão suave, que me envolvia, que me embalava a horas, em que nunca acreditei.
Doces momentos, em que parecias querer resgatar-me das sombras, oferecendo-me a eternidade.
Vislumbrei, o reflexo do teu ser, a tua imagem de ilusão, num lago calmo, tranquilo.
Como um espelho transparente, onde me coibi de mergulhar.
E agora sei, que o meu receio era muito mais que uma fuga.
Era um aviso do céu, que pressenti, para lá de todas as evidencias.

Não, não foi uma ilusão.
Foi uma máscara de estrelas e enganos, colada à tua pele, que adivinhei, e pensei puder arrancar.
A personagem que criaste para habitar alguém que nunca cheguei a conhecer.
A dois passos da realidade, estendeu-se um deserto onde erguemos a derradeira muralha.
Como duas dimensões incompatíveis, que se rejeitam e repelem, por puro anti-magnetismo.
Fortaleci-me, em tantos duelos verbais.
Ergui-me uma e outra vez, quando a incerteza me invadia, e a angustia tomava conta do meu sono em sobressalto.

A mais estranha não-historia, concretizou-se no momento em que pegaste na minha mão.
O nosso namoro “anos 20“, tão bonito e desfasado, terminou abruptamente.
E nunca pude entender, que não quisesses aceitar a amizade que te ofereci.
…Que te estou predestinada, que serei tua noutra vida…
Tão único e transcendente, é o teu puro sentimento, que eu não estive à tua altura.
Não. Não pude compreender.
A força da tua compulsiva e desvairada obsessão por mim.
Um conto de fadas, que nenhum de nós soube representar.
Querias que eu soubesse à força “quem tu eras”, e eu só queria poder gostar de ti, pelo que és.
Tão pouco tempo, e afinal, o que é o tempo?
Uma quantidade de horas, sonhos acumulados, conversas interrompidas, meias palavras.
O que nunca foi, porque não podia ter sido.

De real, só o momento em que pegaste na minha mão.
Um pseudo-abraço de um milésimo de segundo, que não chegou a acontecer.
De real, só o veneno que escorreu pelas palavras, com que nos atingimos mortalmente, com que nos ferimos, até a alma sangrar.
E tudo, tudo ficou por dizer.
Porque para o bem e para o mal, nunca conheci ninguém como tu.
Porque prolonguei o jogo o mais que pude, com medo de te perder..
Resolvi brincar com o fogo, mesmo sabendo, que um dia havias de explodir.
E foi assim que a tua máscara se quebrou à minha frente.
E foi assim, que o teu anjo de candura que era eu, se estatelou no chão aos teus pés.
Anjo caído.
Cacos de nós.
Do que não fomos. Do que não somos. Do que não pudemos ser.

Sente-me, a escorregar-te por entre os dedos, quando teria bastado, a tua mão aberta, para que, como uma borboleta, eu te pousasse suavemente.
Quiseste esmagar-me, sufocar-me no amor que me dizias, no sentimento que me lançavas como uma arma de arremesso.
Agora, vê-me voar!
Agora vê, que me vou para sempre!
Com o vento nas asas, e saudades da mão que me ofereceste para pousar.
Extinguiu-se o encanto. O desejo. A vontade de te ver.
A ausência interminável da tua ausência.
O vazio a que me votavas, para que eu corresse para ti.

Vou esquecer-me de te sentir chegar.
Porque acabou, o que não chegou a começar.
E tudo se perdeu, mesmo o que nunca existiu.
A dois passos da realidade, nosso destino adiado, uma vez mais por cumprir.

Submited by

quarta-feira, junho 11, 2008 - 00:39

Poesia :

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JillyFall

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Comentários

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Re: nao-historia

Uma história da vida!!!

:-)

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Re: nao-historia

sendo ou nao desconhecido, quem está do outro lado, as relaçoes virtuais, ou semi-virtuais,revestem-se de uma proximidade avassaladora, que está precisamente na ilusao de distancia - por muito curta q seja- que nos separa e nos proteje.

imagem de AnaMaria

Re: nao-historia

Uma não-históra eternamente repetida nos dias de hoje onde as relações virtuais sucedem abruptamente e as pessoas se desnudam perante o desconhecido que está do outro lado!
É uma não-história que me é familiar!

Mas o texto em si, está escrito com uma sensibilidade à flor da pele.
Apesar de transmitir desilusão é de uma beleza sublime!

Abraço

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Re: nao-historia p ana maria

obrigada, gosto imenso dos seus comentarios!

beijinho

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