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O ENGANO

Era um dia como outro qualquer para mim, ano de 1998, atarefada com minhas múltiplas funções de mãe; esposa; professora; dona de casa; empresária; escritora; chofer de filhos e por ai vai... Nós mulheres contemporâneas com jornadas duplas, triplas talvez, por vezes nos atropelamos em nossos próprios pés e cabeças, confundindo até nossos códigos genéticos, parecemos um misto de mulheres-polvo com mulheres-elásticas, e vamos jogando nossos tentáculos aqui e acolá, fechando gavetas e portas com pernas, pés e nádegas, porque no colo e mãos carregamos os filhos e tudo mais que necessitamos pros cuidados deles, celular atolado entre pescoço e ombro resolvendo os mais diversos assuntos: profissionais, escola dos filhos, agendamentos de médicos, dentista, e muitos outros...
Nessa fase da vida com os filhos pequenos, principalmente, somos obrigadas a desenvolver muitas habilidades e ficamos mais ágeis, mais espertas em todos os sentidos, e ai se não ficarmos! Mas as preocupações aumentam também, levando-nos muitas vezes ao stress e a pequenas distrações e a riscos de cometer equívocos, pequenos e até grandes deslizes.
Era assim que me encontrava algum tempo atrás quando entre uma função e outra, chegou a hora de buscar minha filha adolescente na escola de inglês. Era um fim de tarde lindo, o Sol já ia se despedindo no poente todo radiante da missão cumprida de mais um dia de brilho e calor. Toda esbaforida, cansada, desejando um bom banho, sai da escola em que lecionava peguei o meu velho carrinho Fiat Uno vermelho ano 1990 e me direcionei até a escola Cultura Inglesa, chegando enfrente da mesma, estacionei e aguardei um pouco no carro como sempre fazia aguardando o término da aula e a vinda da minha filha linda! Estranhei que não estivesse ali ainda e a demora porque na maioria das vezes era eu quem atrasava e ela já estava me aguardando enfrente a escola, com alguns colegas. Resolvi descer e ir averiguar o ocorrido como uma mãe e mulher zelosa, preocupada com os filhos. Adentrei a escola com aquele olhar de mãe que não deixa escapar nada e só desejando enxergar a filha, juntar-lhe o braço e trazer para si e para o aconchego do lar, conversar muito com ela, colocar todo o assunto do dia em dia, saber como foi sua aula e blábláblá...
Ela sendo mulher também não seria diferente, gostava muito de conversar, contar tudo, tudo nos mínimos detalhes. Sempre fui sua confidente, tivemos sempre uma relação muito aberta, uma amizade, uma proximidade de mãe e filha invejável.
Já nos corredores da escola, quase trombamos uma na outra, e rindo felizes por nos encontrar daquela forma, ela se agarrou em meus braços e explicando sobre a demora, fomos nos dirigindo para o carro, já numa conversa bem animada sobre tudo que havia lhe acontecido, seus sucessos, seus fracassos... Não me lembro do que falávamos naquele momento, só sei que deveria ser algo engraçado porque riamos muito. Busquei as chaves na bolsa; abri a porta do carro; abri a porta do passageiro erguendo a travinha por dentro. Minha filha entrou falando e gesticulando e se acomodou no banco da frente. Coloquei a chave na Ignição; liguei o carro; engatei a primeira marcha; dei as setas olhando nos retrovisores e sai da vaga em que estava estacionada, a prosa animada continuava, quando já na pista dirigindo comecei a perceber alguma diferença no carro, mais macio, gostoso de dirigir, o que esta acontecendo? Já não falava... Nem ouvia... Um olhar mais atento para o carro: tudo mais limpo e novo... Meu Deus esse não é o meu carrinho velho de guerra! Peguei o carro errado! Soltei a fala com voz entrecortada num misto de medo, de angústia, de preocupação. Heimmm? Perguntou a filha, repeti pra ela que ainda estava ruminando suas falas, dessa vez quase chorando: Pequei o carro errado! Ela colocou reparo atento no carro e disparou: Mãe do Céu esse não é nosso carro mesmo! Que faremos agora? Perguntou aflita. Como pode ser? Como não reparamos? E a chave abriu, ligou tudo igualzinho? Nossa que coincidência dois Unos da mesma cor e modelo estacionados um atrás do outro, na frente de uma mesma escola! Admirava-se ela, tentando me acalmar, ao mesmo tempo em que se segurava para não cair na risada.
Nessa altura eu já estava desesperada fazendo a quadra para levá-lo ao mesmo local, torcendo para encontrar a mesma vaguinha, que por sorte estava lá esperando o nosso retorno.
Estacionei rapidinho, descemos mais rápido ainda, olhando de todos os lados para ver se o dono do carro não estava por ali, aflito achando que haviam lhe roubado o carro. Não percebemos ninguém por perto nessa situação, que alivio! Alivio maior foi ver que o meu velho carrinho ainda estava ali e não tinha sido levado trocado também pelo dono do carro mais novo. Nessa altura, já recompostas do susto, fomos acometidas por um ataque de risos que perdura até os nossos dias quando nos lembramos desse engano, do carro trocado.

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sábado, abril 23, 2011 - 14:17

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