CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Rousseau e o Romantismo - Parte XII - As Artes e as Ciências


 

Quando concorreu ao prêmio na Academia de Dijon com o seu célebre “Discurso sobre as Ciências e as Artes”, Rousseau já expusera a sua visão critica sobre ambas. E o passar dos anos não lhe abrandou essa ótica negativa. Continuou, pois, com a opinião de que a restauração das Artes e das Ciências em nada contribuiu para a purificação do gênero humano, sendo, ao contrário, uma das maiores motivações para a sua corrupção.

Aquele trabalho teve vários trechos foram censurados e eliminados sumariamente, como, por exemplo, as passagens em que ele critica acidamente a tirania dos reis e a hipocrisia da igreja. O próprio subtítulo, “Liberdade”, foi suprimido.

Contudo, nem toda censura foi capaz de abafar suas críticas, especialmente à Literatura, porque ele as considerava como as principais causadoras da degeneração humana. De terem corrompido a “bondade natural” do homem, por serem um conjunto de elementos usados pelos ricos e poderosos como instrumento de propaganda e de escravização dos mais humildes.


Recorte do autor:

“Ao se assistir atualmente a angústia (que pode transformar-se em violência) que o consumismo frustrado causa nos indivíduos menos dotados intelectualmente e que, por isso, “necessitam” adquirir os últimos lançamentos tecnológicos; consegue-se enxergar com mais simpatia a posição de Rousseau. As cenas que hoje são mais comuns, certamente já existiam em sua época e é aterrador constatar a atualidade desse comportamento primitivo”.

Em sua opinião, a civilização foi diretamente responsável pela degeneração das exigências morais mais profundas da natureza humana, quando as substituiu por regras e leis ditadas pela superficialidade das convenções sociais. A uniformização de comportamentos, ditada por modismos artificiais, levou as pessoas a ignorar os reais deveres éticos e as próprias necessidades naturais, como bem sabem as senhoritas de salto alto e rapazes de gravatas apertadas.

Segundo o filósofo, a polidez pregada pela Diplomacia teria extrapolado a sua nobre missão de criar comportamentos que fossem compreendidos por todos os homens, independentemente de suas origens naturais e sociais, para se tornar uma sórdida manipuladora, que, ao ditar as regras de etiqueta, camufla as mais espúrias intenções e o egoísmo mais vil.

Para ele, a Civilização e suas filhas diletas, as Artes e as Ciências, ocultam terríveis maquinas de opressão e extermínio. Em suas palavras:

“Príncipes sempre viram com prazer a difusão entre seus súditos do gosto pelas artes e por supérfluos que não resultem em dispêndio de dinheiro. Portanto, além de facilitar essa insignificância espiritual tão apropriada à escravidão, eles sabem bem que as necessidades que o povo cria para ele mesmo são como cadeias que o une. (...) As ciências, as letras e as artes... atam flores ao redor das cadeias de ferro que o liga (o povo), sufoca nele o sentimento daquela liberdade original para a qual ele parece ter nascido, faz amar sua escravidão, e o transforma no que é chamado povo civilizado”.

No próximo capítulo veremos as considerações de Rousseau sobre o “Estado da Natureza”.

Lettré, l´ar et la Culture, Rio de Janeiro, Primavera de 2014.

Submited by

quarta-feira, novembro 5, 2014 - 19:47

Prosas :

No votes yet

fabiovillela

imagem de fabiovillela
Offline
Título: Moderador Poesia
Última vez online: há 7 anos 28 semanas
Membro desde: 05/07/2009
Conteúdos:
Pontos: 6158

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of fabiovillela

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia/Tristeza A Canção de Alepo 0 4.314 10/01/2016 - 22:17 Português
Poesia/Meditação Nada 0 4.087 07/07/2016 - 16:34 Português
Poesia/Amor As Manhãs 0 3.491 07/02/2016 - 14:49 Português
Poesia/Geral A Ave de Arribação 0 3.531 06/20/2016 - 18:10 Português
Poesia/Amor BETH e a REVOLUÇÃO DE VERDADE 0 4.320 06/06/2016 - 19:30 Português
Prosas/Outros A Dialética 0 5.633 04/19/2016 - 21:44 Português
Poesia/Desilusão OS FINS 0 3.924 04/17/2016 - 12:28 Português
Poesia/Dedicado O Camareiro 0 5.176 03/16/2016 - 22:28 Português
Poesia/Amor O Fim 1 3.755 03/04/2016 - 22:54 Português
Poesia/Amor Rio, de 451 Janeiros 1 8.759 03/04/2016 - 22:19 Português
Prosas/Outros Rostos e Livros 0 3.755 02/18/2016 - 20:14 Português
Poesia/Amor A Nova Enseada 0 4.006 02/17/2016 - 15:52 Português
Poesia/Amor O Voo de Papillon 0 2.988 02/02/2016 - 18:43 Português
Poesia/Meditação O Avião 0 3.405 01/24/2016 - 16:25 Português
Poesia/Amor Amores e Realejos 0 4.743 01/23/2016 - 16:38 Português
Poesia/Dedicado Os Lusos Poetas 0 3.809 01/17/2016 - 21:16 Português
Poesia/Amor O Voo 0 3.531 01/08/2016 - 18:53 Português
Prosas/Outros Schopenhauer e o Pessimismo Filosófico 0 5.426 01/07/2016 - 20:31 Português
Poesia/Amor Revellion em Copacabana 0 3.775 12/31/2015 - 15:19 Português
Poesia/Geral Porque é Natal, sejamos Quixotes 0 3.447 12/23/2015 - 18:07 Português
Poesia/Geral A Cena 0 3.914 12/21/2015 - 13:55 Português
Prosas/Outros Jihadismo: contra os Muçulmanos e contra o Ocidente. 0 4.165 12/20/2015 - 19:17 Português
Poesia/Amor Os Vazios 0 5.127 12/18/2015 - 20:59 Português
Prosas/Outros O impeachment e a Impopularidade Carta aberta ao Senhor Deputado Ivan Valente – Psol. 0 3.451 12/15/2015 - 14:59 Português
Poesia/Amor A Hora 0 4.802 12/12/2015 - 16:54 Português