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Sobre Céus, Sóis e Noites

Era por uma destas noites prematuras em que o sol ainda ecoa, e a ventania se encontra adormecida. Havia, o Rei Hélio, se deitado há alguns minutos e eu já sentia-lhe a falta. Se a noite é mesmo uma criança, queria eu não ter crescido medroso, em relação à escuridão (ou a tudo mais).
Coragem é o que não me demasia, mas procurava sentir ao menos sua escassez para que conseguisse vingar, em loucura, sua falta. Segui de encontro ao meu sonho de coração: a loura dos olhos de céus. Pensava em pesadelo e tudo em mim refrigerava. Sentia falta dos meus momentos a sós com o sol; momentos em que o coração, já fantasiado gelo, derretia em luz e cor, extremamente vitais! E se de noite todos os gatos são pardos, gatunamente a mesma me rouba a sombra, e só me faz restar nu, realmente pardo, a ronronar. Animicamente nu foi como encontrei-a.
Toquei-a pelos olhos, primeiramente: mais pareciam flechas chamejantes de cupido cujo desejo é que alvejassem o coração, gélido e hipotenso. Qual não foi minha surpresa ao sentir uma contradição: “era por uma destas noites...”, mas de sol.
Logo desconfiei, ou fingi desconfiar. Já tinha uma noção de céus, de suas amplitudes e luzes lacerantes, mas nunca os havia visto dentro dos olhos; ou até mesmo refletido-os. Não pude contar as estrelas que neles brilhavam, apenas imaginá-los vazios e foi então que a noite não mais me amedrontou.
Tão certo do calor e das ribaltas, fui-me sentindo livre, loucamente solto num céu castanho, procurando desbravar suas nuvens e tempestades. Não muito pouco, mais que voar num céu, o desejo era voar além, por entre os infinitos astros que percorriam cada via-láctea da íris. Meus olhos – meros astronautas inexperientes – refletiam seus olhos como o mar num azul brilhante. Nada mais podia falar; não era medo e eu já me pegava vogando.
Olhei pelas janelas do restaurante e vi a escuridão que a adornava. E enquanto – fora dos olhos da loura – perdia o entusiasmo e retornava ao medo e ao cárcere natural, olhei-a novamente...
E tive uma certeza:
– "É sob este céu que devo viver!"
– "Porque o que é nosso, já é nosso!" – murmurando, respondeu-me um déjà-vu.
 

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terça-feira, março 1, 2011 - 05:08

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Nyrleon

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Noite Criança

Um belo conto...Se a noite é mesmo uma criança, queria eu não ter crescido medroso...

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