Lembro-me
Lembro-me quando as árvores eram filósofos e os carros do lixo iam a cem á hora pela avenida.
Lembro-me dos semáforos serem agentes secretos, tristes e abandonados como os livros que ficam por ler
Lembro-me daquela perseguição, da bala atravessando a parede, a poeira dos pneus nos olhos e os ouvidos encostados ao peito do medo desejando não morrer.
Lembro-me da luz azul e da farmácia de serviço, de uma bíblia manchada de rum e de tabaco.
A dose de acido foi de mais, já não vejo Lisboa e todos os policias tem o andar dos pássaros.
Os miúdos na praia cheiram cola e a poesia só serve quando a solidão parece uma publicidade.
Por favor Deus sai da tua igreja, olha como estão os olhos de quem se anestesia.
Depois do amor aquele homem perdeu a vontade e só foi capaz de dar mais um nó na corda.
Lembro-me de correr como um comboio, qualquer aventura termina quando o mundo nos parece frágil como um trapézio.
Lembro-me de andar dias sem dormir, de algumas horas deitado contigo no chão. Talvez todas as respostas toquem um dia o coração dos homens.
A dose de acido foi de mais, já não vejo Lisboa, só uma nuvem ao longe nos meus olhos.
Lobo 010
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 1751 reads
Add comment
other contents of lobo
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Aphorism | Os livros | 1 | 1.816 | 02/18/2011 - 13:59 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Agora e na hora da nossa morte | 1 | 2.231 | 02/17/2011 - 04:04 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Esfarelar o pão | 1 | 2.636 | 02/16/2011 - 17:58 | Portuguese | |
![]() |
Fotos/Profile | 3745 | 0 | 2.601 | 11/24/2010 - 00:58 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | 3744 | 0 | 2.458 | 11/24/2010 - 00:45 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | 1486 | 0 | 2.762 | 11/24/2010 - 00:39 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | 1487 | 0 | 2.344 | 11/24/2010 - 00:39 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | 1484 | 0 | 2.893 | 11/24/2010 - 00:39 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | 1485 | 0 | 2.353 | 11/24/2010 - 00:39 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | 1473 | 0 | 3.594 | 11/24/2010 - 00:39 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | 1237 | 0 | 2.533 | 11/24/2010 - 00:38 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | Uma foto minha em coimbra | 0 | 2.812 | 11/24/2010 - 00:37 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | 1226 | 0 | 2.991 | 11/24/2010 - 00:37 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | 1225 | 0 | 3.313 | 11/24/2010 - 00:37 | Portuguese |
Prosas/Thoughts | não sou um rato, nem um velho santo com muitas provações no corpo | 0 | 2.395 | 11/19/2010 - 00:08 | Portuguese | |
Prosas/Others | A água subia como as lágrimas dos olhos á cabeça. | 0 | 2.056 | 11/19/2010 - 00:08 | Portuguese | |
Prosas/Others | Café com cheirinho | 0 | 2.039 | 11/19/2010 - 00:08 | Portuguese | |
Prosas/Thoughts | Vou cantar-te árvore na avenida do meu olhar nostálgico. | 0 | 2.683 | 11/19/2010 - 00:08 | Portuguese | |
Prosas/Thoughts | Na minha cerveja fria caminha um réptil. | 0 | 2.095 | 11/19/2010 - 00:08 | Portuguese | |
Prosas/Others | Babilonia fica longe? | 0 | 1.779 | 11/19/2010 - 00:08 | Portuguese | |
Prosas/Thoughts | A sede é uma estrela | 0 | 2.789 | 11/19/2010 - 00:08 | Portuguese | |
Prosas/Thoughts | A cidade tem os olhos das pessoas | 0 | 3.022 | 11/19/2010 - 00:05 | Portuguese | |
Prosas/Thoughts | Penso a tristeza | 0 | 2.339 | 11/19/2010 - 00:05 | Portuguese | |
Prosas/Others | referendo | 0 | 1.711 | 11/19/2010 - 00:05 | Portuguese | |
Prosas/Ficção Cientifica | Estar perdido é o único modo de agarrar o mundo | 0 | 2.350 | 11/19/2010 - 00:05 | Portuguese |
Comments
Re: Lembro-me
Uma nostalgia de recordações poéticas.
Sem dúvida! Um quadro com pinceladas contemporâneas inesquecíveis.
Gostei muito de ler. E igual a todos porque de vez em quando aparece um diferente... que é obra de arte.
Vitor.
Re: Lembro-me
Um poema para ler, reler e reter.
Abraço
Nuno