Morte Sem Sinal
O caixão estava prestes a ser chumbado.
Olharam todos de soslaio e desviaram o olhar. Era grosseiro, era um grande tampo sobre o Sol. E agora?
O mais teso de racionalidade levantou-se. Aqui ninguém toca, sou eu que levo a mãe! Paciência, chega a hora de todos. Lá nos haveremos de lidar sem a sua orientação.
Mas, e agora? Somos órfãos de saber e de sentir. Somos sós de companhia e emoção.
Temos de levantar a cabeça. Temos de nos mexer e procurar outros quotidianos. Atender a novos estímulos de vida.
Ajudem-me, digam-me: ainda há um mundo lá fora?! Quem o viu ultimamente? Digam-me, há???... O que vai ser de nós…
Chegou o momento; o funcionário camarário pegou cruelmente no caixão daquele corpo já sem luz e tom, já sem som e palavra. Tão escuro e pesado…
Pegou na televisão avariada e atirou-a para o camião.
Desapareceu no meio de tantos mundos como o nosso…
Andarilhus
XXIV : IV : MMVIII
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Comments
Re: Morte Sem Sinal
Texto bem escrito, boa interpretação das coisas!
:-)