A Filha de Maria Angu– Ato segundo - Cena VII
Cena VII
Chica Valsa, Bitu
Bitu (entrando.) Ora esta! era você?!...
Chica Valsa - Sim, era eu! Venha de lá esse abraço!
Bitu - Mas isto foi uma traição! (Á parte.) Ainda está mais bonita!
Chica Valsa - Não tenhas medo! Abraça-me...
Bitu (Abraçando-a.) - Medo de que ?
Chica Valsa - Estava com muitas saudades suas. Chamei-te para fazermos as pazes.
Bitu - Estão feitas! (À parte.) E Clarinha, que deixei presa em Maria Angu. (Alto.) Julguei que não tivesse voltado da Europa.
Chica Valsa - Há quinze dias... Havemos de conversar.
Bitu - E... o motivo da nossa separação?
Chica Valsa (Embaraçada.) Hein?
Bitu - O pomo?
Chica Valsa - Que pomo?
Bitu - O pomo da discórdia! O Sampaio!
Chica Valsa - E você a dar-lhe com o Sampaio! Que diabo! Seja razoável, Bitu!
Bitu - Não importa! Estou bem vingado!
Chica Valsa - Já sei que você pintou a manta em Maria Angu.
Bitu - A manta, o sete, o padre, o simão de carapuça e até a saracura! Pintei tudo! Mas...
Chica Valsa - Mas... falemos de nós.
Duetino
Chica Valsa - Até que enfim, Bitu, eis-me a teu lado!
Bitu - Enfim ao lado meu estás!
Chica Valsa - Ingratatão!
Bitu - Não me dirás
Por que é que fui por ti chamado?
Chica Valsa - Quero, ó Bitu, saber por quê
Lá em Maria Angu você
Me injuriou num papelucho!
Pois tu não sabes, meu Bitu
Que sem dinheiro não podias tu
Agüentar tamanho repuxo?
Bitu - Oh! Não me digas isso, não!
Eu te adorava, coração!
Se dispensasses tanto luxo,
Se não andasses tão liró,
Podias tu ser minha só!
Se bem que pobre como Jó,
Eu agüentava tal repuxo!
Chica Valsa - No peito meu rebenta uma esperança!
Inda és o mesmo, eu logo vi!
Meu coração enfim descansa!
Saudades tuas tive em França...
Bitu - Se tais saudades mereci,
Não me trouxeste uma lembrança?
Chica Valsa -Nem mesmo numa sepultura
Eu poderia me esquecer de ti;
Trouxe-te uma abotoadura...
Bitu - Oh! não me digas isso, não!
Talvez custasse um dinheirão!
Chica Valsa - Oh! não!
Bitu - Não me esqueceste, oh! que ventura!
É teu de novo o meu amor!
É tua a pena do escritor
E a tesoura do redator!
Eis-me a teus pés, ó minha flor!
- Mostra-me a tal abotoadura!
Submited by
Poesia Consagrada :
- Login to post comments
- 757 reads
other contents of ArturdeAzevedo
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia Consagrada/Theatre | Uma Véspera de Reis - Cena XX | 0 | 841 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | A Pele do Lobo - Introdução | 0 | 913 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | A Pele do Lobo - Cena I | 0 | 828 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | A Pele do Lobo - Cena II | 0 | 543 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | A Pele do Lobo - Cena III | 0 | 833 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | A Pele do Lobo - Cena IV | 0 | 1.103 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | A Pele do Lobo - Cena V | 0 | 1.194 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | A Pele do Lobo - Cena VI | 0 | 667 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | A Pele do Lobo - Cena VII | 0 | 813 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | A Pele do Lobo - Cena VIII | 0 | 754 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | A Pele do Lobo - Cena XIX | 0 | 519 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | A Pele do Lobo - Cena X | 0 | 673 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | Nova Viagem à Lua - Intodução | 0 | 788 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | Uma Véspera de Reis - Cena VI | 0 | 792 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | Uma Véspera de Reis - Cena VII | 0 | 708 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | Uma Véspera de Reis - Cena VIII | 0 | 591 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | Uma Véspera de Reis - Cena IX | 0 | 579 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | Uma Véspera de Reis - Cena X | 0 | 610 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | Uma Véspera de Reis - Cena XI | 0 | 574 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | Uma Véspera de Reis - Cena XII | 0 | 570 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | Uma Véspera de Reis - Cena XIII | 0 | 808 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | Uma Véspera de Reis - Cena XIV | 0 | 619 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | Uma Véspera de Reis - Cena XV | 0 | 915 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | Uma Véspera de Reis - Cena XVI | 0 | 600 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese | |
Poesia Consagrada/Theatre | Uma Véspera de Reis - Cena XVII | 0 | 722 | 11/19/2010 - 16:53 | Portuguese |
Add comment