Panteras loucas com garras de zinco
Arranhavas os lençóis desgastados por milhares de lavagens
com as tuas garras de zinco nada comuns às panteras.
Arranhavas os colchões com penas de aves migratrórias,
e os estrados de madeira fina e dura cheios de imagens
das noites gravadas no prazer do predador.
Dividias a tua fúria descontrolada com o candeeiro
pouco falante da mesinha de cabeçeira,
e com a dor, em carne viva e sangue na pele,
rasgavas de ti a imensurável loucura.
.
.
Combinavas viagens à selva arranhada pelos lençóis.
As aves de zinco levavam os colchões voando na loucura.
Os candeeeiros de pele rasgada tornavam-se predadores
das imagens de carne, espelhadas na fina manhã.
.
.
Hoje acordas com os olhos traídos pelo mundo dos sonhos,
em que te tornaste o oposto do negro que sempre transportaste.
A selva, agora na mesinha de cabeceira,
demasiado macia para suportar o despertador
assustado com o seu próprio acordar.
.
.
Não arranhavas mais nada senão os dentes falantes
da tua boca que se demora na linguagem do medo.
Lutas contigo própria. E lutas porque amas
o que nunca foste. Queres de ti uma metamorfose
em fotocópia para não esqueceres.
.
.
A boca do despertador luta com os olhos dos dentes
e a fotocópia da selva marca-te a pele macia
a preto e branco. O acordar ama-te ainda mais
pelo que serás no oposto da linguagem.
.
.
Acordar do acordar quando adormeces,
vendo que afinal as panteras loucas
são as tuas únicas fiéis e confiáveis amigas.
.
.
Os olhos brilham no escuro do teu rosto.
rainbowsky
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