O Fio Ténue da Marioneta
Ele não era príncipe perfeito
Ou mesmo esperançado sapo,
Ela tão pouco era princesa
Ou promissora consorte.
…Perdera-se o tempo
Da coroa e do ceptro,
Da batina e da homilia.
Da aliança e da grinalda…
Ele não tinha galões de eleito
Era mais uma cicatriz de trapo,
Ela não fazia inveja à beleza
Era mais ferida aberta entre vida e morte.
…Perdera-se o sorriso trigueiro
Da prevalência do futuro
Sobre o passado,
Da serenidade de cada presente…
No limite da sombra do mais negro diabo
Quebrara-se, em desencantos, o feitiço
E com os fragmentos afiados
Cortaram-se em tiras os cordéis,
As correntes, os améns,
Que agrediam decadentes marionetas.
E então soltos e livres,
Mesmo sem coroa ou grinalda!
Mesmo sem beleza, sorriso ou futuro!
… Encontraram-se e ele disse-lhe baixinho:
Trago-te nos lábios,
Não de forma vulgar
Ou ao gosto de qualquer paladar;
Trago-te nos lábios
Como se fosses batom de letras
Que neles pinta sempre
Teu nome
Que sussurro sem cansar.
E quem quer saber dos nossos nomes?
Quem quer saber das nossas memórias?
Quem bem te quer,
Quer-te saber como já te conhece,
Como te encontrou,
Como te assumiu.
Trago nos lábios
O perfume do teu nome
Trago nos lábios… novamente
O sabor da vida…
Andarilhus “(º0º)”
XXVIII : X : MMVIII
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Comments
Re: O Fio Ténue da Marioneta
Muito bom, gostei de ler!
:-)
Re: O Fio Ténue da Marioneta
No ténue fio das tuas palavras fui agarrado até ao sopro do último verso... soube pela vida ler-te.
Abraço!
Re: O Fio Ténue da Marioneta
Um belo poema. Uma história bonita.
Cortem-se todos os fios que nos prendem para vivermos a Vida!
Bjs
Re: O Fio Ténue da Marioneta
gosto bastante da tua maneira de escrever... mas o que mais me agrada são os vocábulos que empregas...sempre tão requintado!
adorei!
Breizh
bj
Re: O Fio Ténue da Marioneta
o que mais me encanta na tua escrita, é a capacidade de avançar pela nebulosa nuvem de sentimentos e angústias, sem nunca perder o rumo...a partir do segundo, terceiro verso fica-se a querer mais pelo sabor que atrai.
Beijo