Soneto a Vermeer - pintor holandês (Alberto da Costa e Silva)

De luto, a minha avó costura à máquina,

e gira um cata-vento em plena sala.

Vejo seu rosto, sombra que a janela

corrompe contra um pátio amarelado

 

de sol e de mosaicos. Sobre a mesa,

a tesoura, um esquadro, alguns retalhos

e a imóvel solidão. A minha avó,

com os seus olhos azuis, o tempo acalma.

 

A minha avó é jovem, mansa e apenas

a limpidez de tudo. Sonho vê-la

no seu vestido negro, a gola branca

contra o corpo de cão, negro, da máquina:

 

a roda, de perfil, parece imóvel

e a vida não se exila na beleza.

 

Alberto da Costa e Silva, poeta.

 

 

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Tuesday, May 17, 2011 - 22:09

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