ACIMA DAS NUVENS

Rezo
por um dia que desperte emoções
caminho
onde se vão unir corações.

Sopro
arrasta pétalas de saudade
céu
que se zanga conforme a minha vontade.

Frio
que nasce de paisagem ancorada
fim
nos ponteiros de uma hora parada.

Rochedo
que respira comigo em sintonia
vulto
que me desperta e carrega de agonia.

Mereço um lugar
onde te vestes de pele e bebes razão
caravela
que rasga as águas em contra mão.

Lago
vermelho e estático
raio
feroz em céu enigmático.

Morro
tocando a água com a ponta dos dedos
pássaros
voam livres levando-me os segredos

Árvore
enraizada em terra dura
guardada
por arame farpado que em pontas fura

Suspiro
em bafo gelado um sentimento
silêncio
que te guarda o corpo em tormento.

Nasce-me
das mãos sujas de terra um cravo
É liberdade
em cada rosto que abro.

Este peso
que carrego e me verga
velhice a dois
sonhada por uma alma que é cega.

Rede
em seda que prende o momento
mereço
um lugar acima das nuvens sem sofrimento.

Luar
que surge em luz transparente
janela
envidraçada que aguarda dormente.

Sorte
é perder a vida para a morte
alma
que viaja em bote sem norte.

Flôr
que grita na palma da mão
pétalas
que se arrastam em forma de canção.

Mereço
o fumo do traço de avião
que me leva além das nuvens
onde sou rei em coração de leão.