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A Jóia - Ato Terceiro - Cena V

Cena V

Carvalho, Sousa

Sousa (Entrando pela esquerda. segundo plano, e indo a Carvalho.)

- Donde estão os teus brilhantes

nem mil mulheres os tiram!

(À parte.) Do bolso meu não saíram;

é bom que os julgues distantes

pelas dúvidas... (Alto.) Então?

Que tens, que estás pensativo?...

dessa tristeza o motivo

ou motivos quais são?

Dar-se-á caso que o remorso

dos teus negros pecadilhos

contra a esposa e contra os filhos

se te escarranchasse ao dorso?

Serão saudades pungentes

daqueles que tanto adoras?

Como eles choram, já choras?

O que eles sentem já sentes?

Ou simplesmente suspeitas

são de que verdade era

quanto disse da megera

por quem a perder te deitas?

Carvalho (Erguendo a cabeça.) - Não é nada.

Sousa - Dentro em pouco

sucede à melancolia,

que o teu semblante anuvia

um contentamento louco!

(Aproximando-se de uma das janelas e entreabrindo a cortina com a bengala.)

A recrudescer começa

o movimento das ruas.(Consultando o relógio.)

Já passa um quarto das duas. (Olhando para a rua.)

Compadre, vem cá depressa!

Carvalho (Erguendo-se e aproximando-se de Sousa.)

- O que é?

Sousa (Apontando para a rua.) - Vês ali parado

aquele sujeito... Aquele...?

Pois é o chichisbéu!

Carvalho (Como reconhecendo.) - É ele!...

Sousa - Vais ver se estou enganado,

ou se é certo o que te disse!

Há de ficar cuma cara...

Carvalho (Olhando para a rua.) - Lá vem Valentina; para;

conversa com ele; ri-se!

Parece que ele lhe conta

a aventura de inda há pouco...

Sousa - Que aventura?...

Carvalho - Que descoco!

Para este lado ele aponta.

Sousa (Que tem observado;) - Espera! Se não me engano

é a senhora do retrato!

Carvalho - Quem? Aquela? (Aponta.)

Sousa - Exato! Exato!

Carvalho - Que é Valentina te digo!

Sousa - Valentina! Valentina!

Ela chama-se Joaquina

e é mana do tal amigo.

(Tirando Carvalho pelo braço.)

Depressa! Esconde-te cá

Por detrás desta cortina,

se é Joaquina ou Valentina,

verás!

(Faz com que Carvalho se coloque atrás da cortina da outra janela. Olhando para a rua.)

- Eles aí vem já! (Indo para a outra janela.)

Eu aqui também me escondo.

Não faças rumor!

Carvalho (Escondido.) - Descansa.

Sousa - Deixa, que a nossa vingança

há de aqui fazer estrondo!

Carvalho (Pondo a cabeça para fora.)

- Mas que queres tu que eu faça?

Sousa - Se ver tudo não puderes,

ao menos ouve!

Carvalho - Ah! mulheres!...

Sousa (Abrindo a cortina com repugnância.)

Pegar nisto! Que desgraça!

Carvalho - É preciso ser malvada,

para que esta moça me iluda:

tantas provas dei...

Sousa - Caluda!

que sinto passo na escada.

(Desaparecem ambos.)

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quinta-feira, abril 16, 2009 - 00:47

Poesia Consagrada :

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ArturdeAzevedo

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