MAR MEU

Mar meu,
Amanhece e lá vou eu…
 

Mergulho fundo na tua cor azul escura,
Procuro paz, na tua negrura.

Sei que aí, posso ficar eternamente,
Sem pensar, nas amarguras da vida, no que o meu coração sente.

Repousada, quase sem respirar,
Á espera que tudo, cá em cima, acabe por passar.

Sem querer saber de nada, nem ninguém,
Egoísta, egocêntrica, só importada com aquilo que a minha vida tem.

Voltada para dentro de mim,
Escrutinando meus podres e minhas virtudes sem fim.

Pensativa, sequiosa do meu discernimento,
Sem querer saber do que perdi, nem mesmo do tempo.
 

Até me apetece perder-me de propósito,
Acabar por esquecer-me, deste meu mundo, simples depósito.
 

Mas sei que mais cedo ou mais tarde, tenho de voltar,
Para o que comecei, terminar.

Regressar sem medo, lutar sem receio,
Vir á tona do meu mar, voltar do meu meio.

Abrir os olhos à luz do mundo,
Regressar do meu mar, do seu lugar mais profundo.
 

Interiorizar que assim mesmo tem de ser,
Não há conquista, sem derrota, nem bem, sem mal, sem doer.