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Futuro no Presente IV

Chego a casa e começo a preparar meu ritual ao mesmo tempo que o meu senso critico me dizia que aquilo era apenas um ritual, como tantos outros, não deveria precisar de ter um ritual, foi então que imaginei um interruptor, bastaria que eu apertasse no botão que o processo se iniciaria, fechei os olhos, carreguei no botão, visualizei uma caixa de cartolina parda, dentro dela estava o meu carrete dourado, liguei-o mas ao ligar tive uma sensação estranha, algo dizia dentro de mim que aquela ligação era indissociável, comecei a rodar a manivela do carrete lentamente, por mim e a minha volta corriam imagens em alta velocidade que eu não conseguia decifrar, queria parar mas estava indeciso então avançava e recuava no tempo enquanto tomava uma decisão, a ideia de saber mais sobre a minha morte despertou minha curiosidade mas não sentia-me preparado para visualiza-la, então decidi ir avançando ainda mais lentamente até atingir o ser de luz que já havia visto, reparei que certos padrões iam repetindo-se no emaranhado de cores a minha volta, esses padrões repetidos iam diminuindo de intensidade enquanto iam aparecendo outros, quando me apercebo vejo que atravessei rapidamente o ser de luz, volto para traz deixo-me ultrapassar por ele, travo o carrete e vejo-o a uma certa distância, ele esta de costas para mim, volta-se e observa-me, chama-me para vir ter com ele, a minha volta começam a aparecer imagens cada vez mais claras, opto por puxar lentamente a corda que é o meu trilho ao longo do tempo, fico frente a frente, ele sorri para mim e pergunta:

- O que procuras?
- Procuro-me no futuro. - Respondi.
- Já encontraste-te?
- Não, quero dizer, não sei, sabes?
- Quando tu souberes, saberás.
- E se eu acreditar que sim.
- Acreditas?
- Talvez.
- A grande diferença entre os homens e as máquinas e é exactamente essa as maquinas nunca serão seres detentores do livre arbítrio, em todo o desenvolvimento da humanidade nenhuma maquina chegara ao talvez, o máximo que ela se aproximará é um provavelmente baseado em estatísticas matemáticas.
- Qual é o próximo passo? O que me sugere?
- Porque eu iria te sugerir algum passo?
- Porque estas no meu futuro.
- Acreditas mesmo nisso?
- Em parte.
- O que completa para acreditares como um todo?
- Existe a hipótese de seres fruto da minha imaginação?
- E isso invalida o facto de eu estar no teu futuro?
- Não necessariamente.
- Não tenho alguma novidade para ti, pois tu próprio decidiste que não querias saber.
- Quer dizer que estas algures no meu futuro, não têm nada para me dizer pois foi assim que eu decidi?
- Não te lembras?
- Como que posso me lembrar se ainda não tive essa decisão.
- Tiveste, e lembras-te!
- Posso mudar de ideias.
- Claro que podes mas terá o seu preço.
- Não entendo, podes ajudar-me a entender?
- Os fins justificam os meios mas os meios condicionam os fins.
- Então o meu fim era ir ao meu encontro no futuro, isso é claro.
- Mas antes de iniciar essa viagem condicionaste-a.
- Esta a falar novamente da decisão que eu não me lembro de ter?
- Mas tiveste-a antes de iniciar a primeira viajem.
- Pois, ainda pensei em viajar para o passado mas isso me assustava.
- Veja uma coisa, nos encontramo-nos algures na dimensão espaço-tempo, eu estou a falar com alguém do passado, tu estas a falar com alguém do futuro mas onde estamos ambos?
- Não sei, sabes?
- Sei e queres saber?
- Terá um preço?
- É claro, tudo tem um preço, mesmo que um dia o dinheiro deixe de existir tudo terá sempre um preço.
- Acredita mesmo nisso?
- Consegue imaginar algo absolutamente gratuito?
- Não, mas por não conseguir imaginar não significa que seja impossível, há muitas pessoas que nem sequer imaginam como funcionam os seus carros e isso não as impede de acreditar que eles andam.
- Então acreditas convictamente que existem coisas que são absolutamente gratuitas.
- Não, apenas não descarto a hipótese.
- Mas não consegues imaginar uma.
- Também não consigo imaginar uma serie de coisas que acredito.
- Estas a repetir o argumento, não estas a entender bem que o facto de não descartares a hipótese, como tu próprio disseste é diferente de acreditar em algo, antes do Homem ir a lua houve aqueles que acreditaram que era impossível, houve outros que não descartaram a hipótese e ainda existiram aqueles que imaginaram como seria, até que chegou um dia que concretizou-se.
- Mas eu não posso decidir se existem coisas gratuitas ou não.
- Não, claro que não, mas podes decidir se acreditas ou não que existem coisas gratuitas, por acaso eu não acredito.
- E se eu passasse a acreditar?
- Convictamente?
- Sim!
- Neste momento continuaria tudo na mesma, apenas haveria alguma diferença se mudasses a tua escolha inicial.
- Novamente a escolha, quer dizer que como eu decidi não influenciar o meu passado o meu futuro não pode influenciar o presente.
- Pode, mas não pode fazer nada que presentemente não farias.
- Como assim?
- É simples, se actualmente, no teu presente não influenciarias directamente o que te aconteceu num dia qualquer a cinco anos atrás, ou mais, o teu futuro também não te influenciará.
- Somente então se eu viajar ao passado e o influenciar que isso pode acontecer?
- Não propriamente.
- Posso então decidir que a partir de agora poderei influenciar tanto o passado como o futuro mesmo não influenciando o meu passado.
- Claro que sim, mas isso só vai efectivamente acontecer quando chegar o tempo que nas estamos agora.
- Então no presente não me adianta de nada.
- Não é propriamente verdade, se decidires que influenciaras a partir de agora no tempo que estamos o passado já poderei te dar respostas diferentes do que se decidires não influenciar o passado.
- Uma simples decisão.
- Não tão simples quanto parece.
- Porquê?
- O teu futuro está determinado por todas as tuas decisões, sabes disso, basta veres que o teu presente foi definido por todas as decisões que tomaste no passado.
- É exactamente por isso que não quero mexer com o meu passado e sim com o meu futuro.
- Certo, mas eu estou algures no teu futuro, se decidires agora que influenciarás o passado isso pode gerar uma serie de acontecimentos que faça por exemplo que eu nunca chegue a falar consigo.
- Mas eu falei contigo, vou lembrar-me.
- Não é bem assim, quantas viagens fizeste até hoje?
- Esta é a segunda.
- Este é apenas o teu ponto de vista, eu, no meu ponto de vista já fizeste incontáveis viagens destas.
- Entendo, mas no dia de hoje no meu tempo só fiz duas.
- Isso é verdade para ti agora, mas pode não ser verdade para ti se resolveres viajar também para o passado.
- Porquê.
- Segundo o teu ponto de vista foste tu que viajaste no espaço-tempo, mas o que garante que não foi o espaço-tempo que viajou até ti, ou ambos?
- Nada, mas isso não tem importância para o meu objectivo de me encontrar no futuro.
- Pois não, mas existem uma serie de condicionantes derivadas disso, uma delas é não saberes onde estas.
- Quer dizer que eu posso estar no presente e teres sido tu a vires do futuro.
- É possível, queres acreditar nisso?
- Isso terá implicações?
- Claro, pelo menos para mim terá de certeza pois acredito que não existem coisas gratuitas, terei então de escolher se quero ir ao teu presente ou não, no teu caso, poderá ter ou não implicações pois não descartas a hipótese de haverem coisas gratuitas.
- Não há nada que não tenha consequências?
- No meu ponto de vista não.
- Pois e eu até concordo consigo mas não tenho certeza disso, é uma das respostas que procurava.
- Tens a minha resposta, agora tens que decidir se é válida ou não para ti.
- Acho que vou demorar uma eternidade a ponderar tudo que faço daqui por diante.

O ser misterioso partiu, não tentei falar novamente com ele, deixei-me fluir naquela dimensão, não queria ir-me embora, sentia-me bem, sentia-me calmo e sereno, tinha de digerir tudo que tinha ouvido mas não me queria fazer naquele momento.

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quinta-feira, abril 22, 2010 - 11:26

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Veiga

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Comentários

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Re: Futuro no Presente IV

Clap clap clap clap clap
Muito Bom Veiga.
Toda esta dialetica espacio-temporal fez-me lembrar o
hitchhikers guide to the galaxy, quando o rapazinho na sua longa busca, por fim, acaba por
saber que a resposta do porquê do universo, a verdade absoluta é : 42. Tal tesposta impunha uma pergunta. Que pergunta seria essa, nunca se soube.
Espero que tenhas lido esse livro.
Quanto ao livre arbitrio, uma vez li uma frase de um anonimo que dizia : ( sem querer trazer nenhuma conotação religiosa para aqui), " No fim dos tempos, o livre arbitrio do homem, há de ser o melhor alibi de Deus."
Não sei se "Deus joga aos dados ou não " O determinismo do Einstein detestava esta frase fruto da mecânica quantica que pessoalmente tanto me agrada. Gosto de ter os dois jardins. A ciencia e o Deus.
Vai daqui um forte e testosteronesco abraço.

Parabéns! Tu não escreves. Deslizas.

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