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QUERIA

I

Eu Queria ser um dia
Aquele ser que pensas que sou.

Como Queria
ser a bússola desnorteada
que te guia até mim,
alvoroçada!

Queria ser um nó
de corda bem esticada,
numa vela branca ou
nalguma negra âncora,
e
ir contigo viajar ,
incondicionalmente,
até ao fim do mar.

Como eu queria
Ter sido um dia
O cordão que te atou.
Ou qualquer outra coisa servia,
mesmo
Que servisse só para te amar.

II

Se as diferenças fossem ainda maiores
De tal forma impossíveis de transpôr
Que ninguém me visse, ou talvez,
Nem sequer o conseguisse...
Transparente,
etérea, leve,
fina essência de nuvem,
um só núcleo de matéria que já ali não está.
Já se foi.

II – B

A atitude pós-pessoana
É cruz pesada de acartar,
Para o poeta português,
Incauto,
Que não tem forma de a matar.

Em atalho anónimo há imenso perigo,
No encontrar algo
Assim mais destemido
disfarçado de heterónimo,
ali posto numa esquina do caminho!

Nada mais do que simples mutações virais
que nos contaminam ao passar.

Para tudo inventam vacinas,
até já há chás e mezinhas
da medicina tradicional!

Porque não fizeram ainda
Uma escrita mais comezinha
Que curasse este pesar!

III

Sobre o Romantismo, manifesto-me
E digo que
Poemas de amor cansados
em suores empapados
Por doenças fatais,
Exalam a mofo, sinto-me sufocar!
Amar é outra palavra para manipular,
Podres da cesta de verga que de rota que é,
Já não leva mais nada, senhores de unhas tratadas,
Sem entornar as melancias das marias tolas
Que saltam na rua como gafanhotos,
Ao calor do meio dia
Risinhos agudos azedam o leite às mães!
Pragas infernais há muito ditas
que já foram escritas em línguas arcaicas.
Nem sei para que se deram ao trabalho,
Os restos desses dias, nem para
Cantar servem.

IV

Experiência

Por parva e cosidinha com a sombra lhe segue o anseio no salto tem a

conta certa do miúdo passinho vai p´lo escuro sem una alminha

perdidinha do mundo por negrume não tem afronta tal lhe prouvera o

destino que à nascença lhe roubara a mãe, a vista e o tino.

V

Histeria

A emoção incontida é como uma agressão violenta
Quando a alma se agita incha o balão e rebenta!
Ao rebentar tal poder chocam partículas no ar,
Daí o cuidado a ter e ao silêncio remeter,
Todo e qualquer animal que se atreva a berrar!
Como se de oiro ou prata fulgissem cascatas celestes,
Flautas e liras em suaves murmúrios tremulam os altos e velhos ciprestes
Enquanto um coro de frescas meninas envoltas por alvos toucados,
evocam, timidamente, as graças dos seus amados!

Para bem receber toda a toada final
Há que julgar entender qual personagem fatal
Desejaria viver nesse mundo ideal
em que as moscas que giram em roda da merda
zumbem apenas à velocidade real!

VI

Propositadamente,
escrevo
Sequências longas
nas quais a falta
de rima e métrica,
Notoriamente,
se rege
pela ausência
de conteúdos metafóricos ,
Aleatoriamente,
alternados e invertidos
em campos semânticos dispersos
com o objectivo de criar
desiquilíbrios nos leitores.
Não é poesia, pois não.
É um jogo.

VII

Tocada a dor,
a palavra deita lágrimas
e submerge os olhos,
Pelo menos, ao escritor.

Tocada a fogo,
a palavra arde,
queima a vontade e até o amor.

De uma ideia absurda
nasce um impulso sorrateiro
e para a palavra escrita,
Lá se acabou o cativeiro.
Eis quando senão
se inverte a situação
E apesar de criador
das palavras que geraste
és, agora
um mero espectador.

VIII

No virar da ampulheta
Calhou-nos a parte incerta,
Parentes mais afastados
Nem numa praia deserta.

Poetas persistentes
Escrevem qualquer desvario
E martelam com a palavra
Na parede mais concreta.

Por acaso ou por destino,
Que a mim já não me interessa,
Estará na gaveta secreta
De alguma cómoda perdida,
o mapa do caminho
Que me calhou como meta?

IX

Por vezes, pergunto-me
Do propósito intrigante
De aqui ser e de aqui estar.

De não ser uma vela
que alguém possa soprar.
De haver sangue
e cheiro ácido a suor.
Das lágrimas que teimamos em verter.

E porque não ser
um belo galho centenário
numa árvore tropical ?

Um cálice de licor
Uma gota de água
a escorrer até ser sal?

Pergunto-me ainda
da beleza fortuita de um olhar
Que enlaça, encasula,
enrodilha em doce teia,
num abraço que não queremos terminar.

E a resposta que não poderei ter
Mas que queria muito, muitíssimo,
Saber.

X

Quanto à Teoria

Creio
ter ouvido a alguém Dizer
que estará algures em cada corpo,
enredada por um fio,
qualquer coisa como
alguma quantidade
incerta de matéria,
talvez substância análoga
à vontade ou medo.

Crer nisso
já é não crer e
O que é certo
é só não estar errado,
sempre foi e assim será
sem qualquer fundamento,
em algaraviada
e nela, tolamente,
cremos
ao vermos
que afinal, o rei vai nu!

Não vamos agora pensar
Que por coincidência fatal
Nos escorregaria um pé,
Na sequência final!

Não sendo de todo
descabida a ideia
seremos talvez mais
que fantoches
pendurados pelos casacos
amarfanhados e enfileirados
no veludo preto
num qualquer palco no coração da capital.
Recuso-me.
Evidentemente.

XI

Agora

Retorno a esta sala e
Vejo-a agora, novamente,
a mesma.
Quando comigo falo,
apenas em surdina,
Crescem-lhe ouvidos nas paredes
Ao entardecer, propositadamente,
Só para me poder ouvir.

Também Há algumas raízes
Mesmo ali no meio e
De lá, olham para mim.
Tenho que regá-las, têm sede.

Retorno a esta sala como mocho
E ela toca,
apesar de
quase ter sido cais de embarque Obrigatório
ou portão daquele Ministério
que vão inventar a seguir...
“Eu peço ao senhor barqueiro
Que me deixe passar
Tenho filhos pequeninos
E não os posso lá deixar”
Conjugação favorável ou
Desvario mental,
A cantilena costumeira
Face à situação actual.

28/Outubro/2009

XII

Velo, cuidadosamente,
Para que não falte o oxigénio
a esta vela que mesmo agora
Acendi.

Peço, tranquilamente,
que a minha voz interior
fale vigorosamente alto
para que se faça ouvir.

Gostava, desde sempre,
Que as palavras fossem música
Aos ouvidos de quem esteja
Por acaso, a ler ou a sentir.

Na leveza de um verso
Está a beleza essencial.
A procura do sentido
É que pode ser fatal.

Véspera de todos os Santos

XIII

Epitáfio a um poeta qualquer

Aqui jaz
Um daqueles poetas
De vida tão obscura
que nem por ela demos!

Não lemos nada em relação à sua obra escrita
Simplesmente porque ele não escreveu nada
Que seja do conhecimento público
E se escreveu
isso lá foram contas do seu rosário
até porque ninguém perceberia nada.

Quanto ao resto pouco mais há a dizer
Até porque qualquer coisa que se diga
Poderá ser sempre mera ficção.

Que, finalmente, descanse em paz.

Depois do último

Gostava de regressar a África
Retornar
supostamente às origens.
Contemplar
a primeira fatia de céu que o homem viu na vida.
Sentir na pele o torpor do sol quente ao nascer
Mudar de cor e ...

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terça-feira, março 2, 2010 - 16:16

Ministério da Poesia :

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Vilians3

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