Não há mais força

Pés ao caminho, força, rápido, mexe-te por uma vez!
Coloca tuas mãos nessa parede e faz-te ser humano
Que lutando contra muros de pedra se fazem homens
Com mãos de ferro, espíritos de fogo, forjas pensantes!
A fuga será sempre uma inútil ilusão de agarrar a vida,
Largando-a no ar, às estrelas…

Levanta-te e faz peito, que as balas atravessam a carne!
Terás de ser rochedo de aço negro, faz-te máquina!
Que para produzir foste feito e criado, recriado e fadado
Com olhos de vidro, rosto de cera, aparelhos sobreviventes!
O erro é detectado como descartável tentação de saber,
Colocado ao lado, com defeito…

Agora chora… enche essas lágrimas do ódio no teu olhar!
Pois foste projecto traçado a carvão, apagado pela chuva…
Que por querer, apenas querer… o acto de poder viver…
Com dedos de vento que não reconheces no suor da cara
O arrependimento é marca, permanente, imutável, eterna
De uma vida, que passou ao lado… de si mesma…

Dedicado aos utentes do Departamento de Psiquiatria e Saude Mental da ULS-Guarda, para quem estas palavras são uma realidade diaria...

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Wednesday, April 8, 2009 - 19:01

Poesia :

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Obscuramente

Obscuramente's picture
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Comments

Obscuramente's picture

Re: Não há mais força

Muito obrigado às duas, pelo apoio e pelas palavras encorajadoras...
:-)
Beijos

AnaMaria's picture

Re: Não há mais força

Estou emocionada com a tua poesia...
Abraço
Ana Oliveira

Anonymous's picture

Re: Não há mais força

Os teus últimos textos unem-se por uma alucinação cambiante de ondulações verbais, ressacas de recordações onde se entrecruzam o real e o irreal...evasões aparente da tua própria loucura.

É terapeutico ler tua escrita.

Beijo

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