A ESTÁTUA QUE TENHO DENTRO DE MIM

Hoje estou aborrecida,
Com o estado do tempo,
Com a vida…

Simplesmente, apetece-me dormir,
E, tão cedo, não voltar a acordar,
Deitar-me no chão, estirada, e deixar-me ir,
Estar ali quieta, horas a fio, sem me levantar.

Meu corpo, transpirar,
Enroscada em mim e nas minhas recordações,
De vez em quando, abrir os olhos...acordar...e voltá-los a fechar,
Somente ali, parada...a descobrir, as minhas frustrações.
 

Sem falar com ninguém e de nada,
Muda, calada...
Estática, sem coisa nenhuma para fazer, desatarefada,
Só a respirar o necessário ou quase hipoventilada.

Sem comer,
Sem sequer uma pinga de água, beber.

Parecida com uma imagem,
De um monte de folhas, caídas no chão,
Que de tanto tempo passar, já fazem uma grande ramagem,
Todas ali, num monte, umas sobres as outras, semeadas à mão.
 

Ou até mesmo, como um busto de pedra calcária,
Que à chuva, ao sol e ao vento,
Parece estático, da mesma maneira intemporária,
Onde por ele passa tudo e nada o afecta, até mesmo o tempo.