Uma tarde de chuva
Toda pessoa tem seus esqueletos no armário, segredos escondidos a sete chaves, gemidos perdidos em algum lugar. E em dias de chuva costumam frequentar a lembrança da mais pacata a mais atrevida mente, mesmo sendo ela sã.
Uma brisa para alguns, refresco para outros tantos, mas para dois corpos, uma tarde que brinda a vida com uma aconchegante chuva, é o convite em forma de poesia aos olhos curiosos do desejo.
Paredes em tons de roxo confundem a mente dos corpos se encontram em um despretensioso sexo casual, apenas mais algumas palavras sem sentido, arranhões superficiais, nada que a alma sentirá, tanto quanto a saudade do suor, sujo e promiscuo que contracena com a janela embaçada.
Taças de vinho com suas bordas manchadas pelo toque dos lábios, uma garrafa há meia altura, roupas espalhadas, dividindo-se entre cadeiras, escrivaninha e abajur, ao fundo tocando suavemente uma bossa. As mãos delicadas, que de forma abrupta possuem o corpo quase que instintivamente, a língua que procura o ouvido, murmurando os segredos vassalos, implorando por mais e mais.
A maravilhosa sensação que se tem ao perceber que toda timidez contida naquele corpo se esvai, ao toma-la em minhas mãos, libertando uma espécie de mulher antes nunca vista por outros, fogosa e surpreendente, tão viciante quanto a mais pura química já feita pelo homem.
Sensações tão a flor da pele que o tempo foge ao controle dos olhos, passam-se segundos, minutos e talvez horas. Restando abraços e palavras vazias, olhos que correm sobre seu corpo nu, macio e cheiroso, a chuva caindo e nos avisando que a tarde poderia sim ser emendada com a noite, que poderíamos repetir quantas vezes mais fossem possíveis, pois aqueles arranhões logo sairiam do corpo, restando apenas à lembrança de todo desejo alcançado, em uma tarde chuvosa de abril.
Submited by
Prosas :
- Login to post comments
- 2529 reads
Add comment
other contents of Pablo Gabriel
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Meditation | Reis e peões | 0 | 2.185 | 02/11/2014 - 13:04 | Portuguese | |
Críticas/Miscellaneous | O espetáculo da morte. | 0 | 2.905 | 02/10/2014 - 17:09 | Portuguese | |
![]() |
Fotos/Others | Vida | 0 | 2.602 | 02/07/2014 - 15:22 | Portuguese |
Críticas/Miscellaneous | A falta da compreensão | 0 | 2.296 | 01/28/2014 - 12:59 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Intima | 0 | 2.852 | 01/27/2014 - 15:08 | Portuguese | |
![]() |
Fotos/Others | Palavras e letras | 0 | 2.532 | 01/27/2014 - 13:57 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Others | Voar | 0 | 1.823 | 01/23/2014 - 14:10 | Portuguese |
Críticas/Miscellaneous | O amor | 0 | 2.599 | 01/22/2014 - 18:06 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Fardos | 0 | 2.909 | 01/21/2014 - 20:22 | Portuguese | |
![]() |
Fotos/Others | Arvore da vida | 0 | 6.229 | 01/17/2014 - 13:25 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Others | Amor | 0 | 1.920 | 01/15/2014 - 14:22 | Portuguese |
Críticas/Miscellaneous | Calos | 0 | 4.014 | 01/15/2014 - 13:41 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Formas | 0 | 1.793 | 01/15/2014 - 12:14 | Portuguese | |
Poesia/Love | Soar como canção | 1 | 2.331 | 12/20/2013 - 21:15 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Ano todo | 0 | 1.954 | 12/20/2013 - 12:26 | Portuguese | |
Poesia/Love | Pequeno conta | 0 | 1.779 | 12/18/2013 - 12:12 | Portuguese | |
Poesia/Love | Letras soltas | 0 | 3.235 | 12/17/2013 - 13:23 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Erros | 0 | 2.628 | 12/14/2013 - 14:11 | Portuguese | |
Poesia/Love | Lugar algum | 0 | 2.222 | 12/12/2013 - 14:58 | Portuguese | |
Críticas/Miscellaneous | a pergunta errada | 0 | 4.112 | 12/11/2013 - 14:26 | Portuguese | |
Poesia/Love | Da felicidade | 0 | 1.699 | 12/10/2013 - 12:25 | Portuguese | |
Poesia/Love | Na lona | 0 | 2.976 | 12/04/2013 - 20:30 | Portuguese | |
![]() |
Fotos/Others | Porta | 0 | 2.939 | 12/03/2013 - 13:30 | Portuguese |
Poesia/Meditation | Marcas | 0 | 1.921 | 12/02/2013 - 18:39 | Portuguese | |
Críticas/Miscellaneous | Ser ou não ser... Pensante. | 0 | 3.950 | 12/02/2013 - 14:07 | Portuguese |
Comments
O amor e a sexualidade em
O amor e a sexualidade em conjunto. Divino a meu ver.
Excelente prosa.
Cumprimentos
Sofia Ferreira