GOVERNO, DEMOCRACIA E POVO
A democracia, tanto a verdadeira quanto a falsa, tenha ela o adjetivo que tiver, fundamenta-se na vontade soberana das maiorias de um povo. Tal como tudo na vida, sobretudo no campo da fenomenologia social, tem sérias limitações, como: o que o povo quer? O povo sabe o que quer? Estes questionamentos configuram as suas próprias limitações. Ainda assim, constitui-se a democracia, como a melhor forma de se governar uma nação. A vontade de um povo formaliza-se nos partidos políticos e, portanto, nos políticos, que são os mandatários dos partidos, que, quase sempre, fazem prevalecer a sua própria vontade em benefício próprio, usando de qualquer tipo de meio para proclamarem que a sua voz é a “voz do povo”!
Apesar disso, os cidadãos comuns querem acreditar que desta vez vai dar certo, que este ou aquele político fala a verdade e que defende os interesses de seus eleitores, que o programa de um determinado partido é o melhor... Como conseqüência os votos são canalizados para aquele que melhor souber cativar o interesse dos cidadãos, abrindo-se assim uma porta para o oportunismo do político ganancioso, quando não, em troca de algum favor. Eleitor e político logo estabelecem os princípios fundamentais de um grande negócio! Tal é a profunda identidade com o político e deste com o eleitor, que tudo parece um constante sonhar junto, ainda que completamente utópico e falso; é uma esperança que se constrói; enfim, é uma profunda ilusão que a nada leva ou com conseqüências catastróficas eminentes. Assim sendo, se alguma mudança houver, será no curto prazo, por pouco tempo e só nas aparências!... Se, na pior das hipóteses, houver alguma dúvida vota-se no centro – “é no centro que está a virtude!”-, dizem eles. Neste contexto a previsão de tendência política futura torna-se óbvia! Até se pode adivinhar qual será a tendência predominante nas próximas décadas. Verdade, ou não – por conta de alguma intercorrência imprevisível - geram-se sucessivas frustrações que invariavelmente culminam com clássicas conseqüências: desinteresse por política, abstenção de voto e estagnação social, entre outras. Por outro lado, quem fica rindo de tudo isto, é o velho político ao ver todo um futuro brilhante pela frente! Se tudo for pelo pior, é só mudar de partido. Justificativas não faltarão!
A corrupção na política só terminará com o voto consciente do eleitor e com a possibilidade deste último ter o direito de averiguar o desempenho e seriedade das ações políticas e de revogá-las, sempre que estas ofenderem os compromissos assumidos pelo político a quando de sua eleição.
O socialismo marxista, que teve como mérito maior a aquisição de direitos por parte das classes trabalhadoras e a tomada de consciência por parte de alguns poucos burgueses que aderiram, apenas intelectualmente, à nova idéia de justiça social, culmina com sua queda e fim. A tendência futura será a de um novo tipo de escravização, já eminente, que terá como ditadores um punhado de super capitalistas que vão dominar o mundo e ditar as regras do jogo. Uma vez mais vai vingar a tradicional teoria do poder! Quanto a uma opção de direita radical, nem pensar, haja em vista suas “façanhas” no passado não tão distante!... E agora? Primeiramente é preciso mudar essa mentalidade arcaica que se apóia numa cultura “oca” voltada para a grandiosidade: o mundo das aparências e de seus representantes, configurado em empolgados discursos com promessas de grandes obras, abrigadas em orçamentos descomunais – elevando brutalmente a dívida interna e esvaziando os cofres públicos - materializados em imponentes construções inúteis, dispendiosas, altamente comprometedoras, com vantagens econômicas para grupos e pessoas e propícias a todo o tipo de corrupção. Em seguida torna-se necessário pensar naquilo que é verdadeiramente importante para o cidadão – reformar a própria consciência. Para tanto, o direto à educação torna-se a premissa fundamental que norteará todo o desenvolvimento da consciência política e o exercício do voto eficaz. Ainda que, em uma determinada sociedade fossem satisfeitas todas as necessidades primárias, outras existiriam, nas quais quase ninguém pensa e que, no entanto, são essenciais para que as primeiras sejam satisfeitas.
Só quando os discursos vazios não mais convencerem ninguém é que vai ser possível as coisas mudarem. Até lá, tudo permanece igual - justamente agora que parece temos governo -, será que temos governo?
Fernando Figueirinhas
11 de março de 2011
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