Inevitável Mente

Diz-se sobre as coisas, se não todas, grande parte delas, que são inevitáveis. Como se tudo o que acontece, em nós e à nossa volta, se limitasse a obedecer a um plano, há muito elaborado, por uma entidade invisível ou superior. Esta será a forma mais confortável de existir, a que menos nos responsabiliza pelas nossas ações, e menos ainda pelas dos outros, sendo que, por esta ordem de ideias, nada do que se faça terá real influência no resultado final.
Supõe-se que foram instituídos os conceitos, desenhados os processos, e posta em movimento uma engrenagem, densa e impenetrável, perante a qual nos sentimos impotentes, ao ponto de deixarmos de nos questionar sobre a eficácia do seu funcionamento. Qualquer ligeiro aprofundamento sobre esta questão nos permitirá concluir que este “modus operandi”, quase sempre praticado inconscientemente, tem como principais fundamentos a preguiça e o medo. Tentar contornar o que à partida se nos depara como inevitável requer empenho, flexibilidade, perseverança e, sobretudo, que olhemos de frente para as coisas, tal como para nós próprios. Exige um despertar que poderá ser inicialmente doloroso, tanto quanto o consentido adormecimento. Sim, na verdade, somos algo preguiçosos, preferindo arrastar-nos em lentos e intermináveis esforços, que desgastam, mas não causam impacto, do que assumir uma posição pro ativa e consciente quanto ao que na realidade nos é possível fazer. E, sim, também temos medo do que não conhecemos, de abandonar a zona de conforto e efetuar mudanças significativas.
Sentimo-nos protegidos pelos nossos enormes egos que, implacavelmente, nos dirigem e influenciam, nas decisões que tomamos e na relação com os outros. Absorvidos por esta sociedade de entretenimento e de consumo, que estimula a competição selvagem e a fugacidade de tudo o que promove. Não será, no entanto, inevitável que assim continue a acontecer.