"Semper aeternum"

“Semper aeternum”

É tão difícil encontrar alguém que acredite quando se diz que se ama visceralmente ou que se entende cada cor e cada pincelada na pintura exótica e extravagante de Paula Rego, o mesmo da água tónica sem limão nem gelo, quanto da voz rouca dum Tom Waits tão ofegante quanto bêbado, diz ele que atrai mosquitos pois estes são atraídos pelo azul dos seus “blues”e não p’los olhos “marron”, assim como os camelos pela água, ele por old whisky mesmo estando podre e estagnada a água dos dromedários do chá verde e amarelo, assim como as areias do deserto se movem as mulas do “far-west” americano são fascinadas pela voz improvavelmente bela do cantor de blues.
Quem gosta de ser interrompido pelos filhos entrando no quarto quando faz sexo, surpreendido pela voz do parceiro ou da parceira na cozinha, “não faças assim o cozido, faz deste ou d’outro modo”, é tão difícil que alguém acredite que se gosta do sabor amargo da cerveja assim como do “brain freezing” quando se bebe uma soda “super-gelada” habitual nos “franchisings” do costume ou da gasosa com soda ou o blody mary a meio de um meeting de veggies ou sobre alterações climatéricas num dia de verão extremamente frio ou à luz da vela, numa tropical noite de“banana moon” a beber champanhe na cachaça, ambas juntas a flutuar com raspas de lima verde e sabor a hortelã-pimenta.
Há quem acredite que os Americanos foram à lua ou que os futebolistas lutam pelas cores das bandeiras nacionais nos mundiais de futebol, na copa do mundo como dizem os brasileiros; que a Terra é plana é um exemplo da pouca fé humana na ciência ou que a lua é verde quando não estamos a olhar ou quando a vemos sem “a ver”.
Eu falo para as árvores, que estas ouçam não sei, (I Talk To The Trees) acredito que sim, é uma atitude que me percorre desde a raiz do cabelo até ao acabar dos dedos um a um e todos, o mindinho.
É tão difícil encontrar alguém perfeito? Não creio; tal como não acreditava vir a gostar de Tom Waits, receio, sinto e sei de uma estranha mágoa dentro de mim, parecida a uma pequena “ervilha de cheiro” ou será apenas melancolia de passageiro que se diz apaixonado pelo caminho sem o ter feito, como se fosse uma doença incurável ou um contratempo encontrar-me eu comigo e a sós, “semper aeternum”, comum e imperfeito,“Finale”. Não creio num armistício, cansei-de lutar viúvo contra baleias brancas e ao vivo.

Joel matos 06/2018
http://joel-matos.blogspot.com

Submited by

Monday, August 6, 2018 - 16:30

Ministério da Poesia :

Your rating: None Average: 5 (1 vote)

Joel

Joel's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 6 weeks 6 days ago
Joined: 12/20/2009
Posts:
Points: 42284

Comments

Joel's picture

.

.

Joel's picture

.

.

Joel's picture

.

.

Add comment

Login to post comments

other contents of Joel

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/General Sombras no nevoeiro 0 3.815 02/16/2013 - 22:59 Portuguese
Poesia/General o dia em que o eu me largou 2 1.932 12/30/2011 - 13:24 Portuguese
Poesia/General ciclo encerrado 0 3.379 03/11/2011 - 23:29 Portuguese
Ministério da Poesia/General gosto 0 4.566 03/02/2011 - 16:29 Portuguese
Poesia/General A raiz do nada 0 2.717 02/03/2011 - 21:23 Portuguese
Poesia/General Tão íntimo como beber 1 1.572 02/01/2011 - 23:07 Portuguese
Poesia/General Gosto de coisas, poucas 0 3.606 01/28/2011 - 18:02 Portuguese
Poesia/General Luto 1 4.656 01/15/2011 - 21:33 Portuguese
Poesia/General Não mudo 0 3.190 01/13/2011 - 13:53 Portuguese
Prosas/Lembranças Cruz D'espinhos 0 10.224 01/13/2011 - 12:02 Portuguese
Prosas/Contos Núri'as Ring 0 4.805 01/13/2011 - 12:01 Portuguese
Poesia/Fantasy Roxxanne 0 4.647 01/13/2011 - 12:00 Portuguese
Poesia/General Oração a um Deus Anão 0 6.740 01/13/2011 - 11:58 Portuguese
Prosas/Saudade O-Homem-que-desenhava-sombrinhas-nas-estrelas 0 4.573 01/13/2011 - 11:57 Portuguese
Poesia/General O fim dos tempos 0 5.402 01/13/2011 - 11:52 Portuguese
Poesia/General Terra á vista 1 2.734 01/13/2011 - 02:13 Portuguese
Prosas/Lembranças sete dias de bicicleta pelo caminho de Santiago francês 0 9.855 01/13/2011 - 00:58 Portuguese
Poesia/General Não sei que vida a minha 1 2.037 01/12/2011 - 22:04 Portuguese
Poesia/General o céu da boca 0 4.890 01/12/2011 - 16:50 Portuguese
Poesia/General Dispenso-a 0 2.646 01/12/2011 - 16:38 Portuguese
Poesia/General estranho 0 4.855 01/12/2011 - 16:36 Portuguese
Poesia/General comun 0 5.385 01/12/2011 - 16:34 Portuguese
Poesia/General desencantos 0 2.480 01/12/2011 - 16:30 Portuguese
Poesia/General Solidão não se bebe 1 3.526 01/12/2011 - 03:11 Portuguese
Poesia/General Nem que 3 3.340 01/11/2011 - 11:39 Portuguese