Na terra onde ninguém me cala

Na terra onde ninguém me cala

Na terra onde ninguém se fala,
Difícil saber se adeus é até
Logo, na terra onde ninguém

Se cala, nada é maior, eterno
Quanto a fala e a fama, o “moto”,
A chama, o amanhã e o saldo,

O sal dos sonhos complexos, ou seja,
Poder inspirar quem me inspira,
Livre de ónus ou teias, palas, moreias,

Na terra onde ninguém me cala,
Sou eu, e sou de todos um pouco,
Dos mais feios aos mais loucos,

Dos louros aos listados nas mamas,
Dos analfabetos silábicos, aos sem
Lábios, mas que falam como gigantes,

Falo dos extravagantes eu, dos tolos,
Dos amantes cibernéticos, sou estrábico
Como todos um pouco, e um livro em branco,

Imaculado, pronto a sentir algo em tudo,
O usado como novo, o amarrotado
De maneira diferente, o olhar doutro,

O que não me mente, nem “se rala”, se
É verídico ou verniz de unhas sintético,
Para agradar a um cego dos dedos,

Sendo oficial dos imprudentes, sou
Por dentro, um peixe seco, desses que
Passam a vida de azul a verde celeste,

Sem terem plo meio outras cores,
Cinzento por exemplo, amarelo veneno,
Gema d’ovo, cor de chapéu de palha fofo,

Na sala aonde alguém me “ralha”,
Não me explico pelo comum da fala,
Alastro-me como fogo em palha seca,

“Puxo” pela navalha e viro senhor
Absoluto do que afirmo, conheço-me
Bem, falo o que digo, dom de ofídio,

Iniciático segundo a visão e os crentes.
Consola-me a altura que tenho, mesmo
Que não seja célebre, tenho a alma cheia

De sensações pungentes e diferentes,
Capaz de sentir novas e ter distintas
Opiniões, segundo a hora o dia e o mês,

Não me corrompeu ainda o ind’agora,
Uma febre ligeira, chamemos-lhe
Covardia, um estágio fora da alma,

E os sentimentos que não tememos,
A apologia de um lugar diferente, digo:
-Lá fora as Carpas mais me parecem

Lírios longitudinais, mas presentes,
Legítimos como tudo o mais, Chernes,
Percas da minha rua, rua de quem

Se perdeu algum dia, não eu, pois
Eu sou dos que se não perdem, assim
Sendo, torna-se difícil dizer, – Adeus

E até breve…

Jorge Santos (22 Janeiro 2021)

https://namastibet.wordpress.com

http://namastibetpoems.blogspot.com

Submited by

Monday, January 25, 2021 - 22:00

Ministério da Poesia :

Your rating: None Average: 5 (1 vote)

Joel

Joel's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 18 weeks 4 days ago
Joined: 12/20/2009
Posts:
Points: 42284

Comments

Joel's picture

até breve…

até breve…

Add comment

Login to post comments

other contents of Joel

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Prosas/Others Mad'In China... 0 4.639 11/18/2013 - 11:08 Portuguese
Poesia/General Lágrimas de Pedra... 0 3.953 11/18/2013 - 11:06 Portuguese
Poesia/General Pleno de sonhos 0 3.106 11/18/2013 - 11:04 Portuguese
Poesia/General Deus,que é feito de ti... 0 4.627 11/18/2013 - 11:03 Portuguese
Poesia/General Sei que um demente não pode ser levado a sério... 0 7.521 11/15/2013 - 16:51 Portuguese
Poesia/General A casa dos sonhos 0 4.045 11/15/2013 - 16:50 Portuguese
Poesia/General E já nem certo estou do meu pensamento. 0 4.879 11/15/2013 - 16:49 Portuguese
Poesia/General Como se fosse do céu... seu dono 0 3.844 11/13/2013 - 13:23 Portuguese
Poesia/General Venho assolado p'lo vento Sul 0 4.796 11/13/2013 - 13:22 Portuguese
Poesia/General Ainda hei-de partir por esse mundo fora montado na alma d'algum estivador 0 4.383 11/13/2013 - 13:21 Portuguese
Poesia/General Pressagio 0 5.109 11/12/2013 - 16:27 Portuguese
Poesia/General Dai-me esperança 0 4.762 11/12/2013 - 16:26 Portuguese
Poesia/General Quando eu morrer actor 0 3.777 11/12/2013 - 16:25 Portuguese
Poesia/General Meca e eu 0 2.620 11/08/2013 - 11:08 Portuguese
Poesia/General Quem 0 3.654 11/08/2013 - 11:07 Portuguese
Poesia/General houve tempos 0 3.398 11/08/2013 - 11:05 Portuguese
Prosas/Others GR 11 (14 dias) correndo de Irun a Cap de Creus 0 5.500 11/07/2013 - 16:37 Portuguese
Prosas/Others O regressO 1 6.942 11/07/2013 - 16:34 Portuguese
Prosas/Others Mad'in China 0 5.273 11/07/2013 - 16:31 Portuguese
Poesia/General Tenho escrito demasiado em horas postas 2 4.124 11/07/2013 - 12:59 Portuguese
Poesia/General Vivesse eu... 0 6.093 11/07/2013 - 12:31 Portuguese
Poesia/General Na cidade fantasma... 0 2.562 11/07/2013 - 12:30 Portuguese
Poesia/General Pudesse eu 0 2.895 11/07/2013 - 12:29 Portuguese
Poesia/General Quando eu morrer actor 0 2.822 02/16/2013 - 23:02 Portuguese
Poesia/General O que é emoção e o que não o é... 0 4.896 02/16/2013 - 23:01 Portuguese