Obsoleta
Sentei-me no lancil do passeio e todos os passos que me antecederam calaram-se de som.
Todos os ruídos que a rua vomitava em torno de mim desvaneceram-se neste momento, e fiquei só,
Com o meu cigarro a queimar-me os lábios, sentada no lancil do passeio,
À espera de ter a força e a vontade de me erguer.
À espera de ter um motivo para me levantar e deixar a minha sombra esquecer-se do passado.
À espera de uma mão que me erguesse.
Mas ela nunca me foi estendida...
E nesse momento, em que os sons se calaram, no momento em que me partilhei com o chão,
Tão perto como se me fundisse com o calor do asfalto e os cheiros da rua,
Os cheiros do mundo que realmente vive e respira, dissociado da minha existência,
Letárgica, obsoleta,
Nesse momento senti-me morrer lentamente,
Desejando que nunca ninguém me sentisse a falta,
De modo a sempre permanecer aqui,
No lancil do passeio, onde os ruídos se calam e a minha sombra se esquece de mim.
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Comments
Re: Obsoleta
Parabéns pelo belo poema.
Gostei.
Um abraço,
Roberto
Re: Obsoleta
LINDO E TRISTE POEMA, GOSTEI MUITO MESMO ASSIM!
Meus parabéns,
Marne