O que me dói a tua voz!

Já não tocas no piano, a tua imagem,
Notas floreadas e sabores do teu desejo.
Secas melopeias, escoada vagem,
Desprezo ao apreço que em ti despejo.

E que passam…

As vozes que despregas,
E na garganta dispersas,
Agruras e desapreço,
Tais que eu despeço.

Silêncio que fala tão alto! O teu!

Matada a planta ensejo,
No vaso não regado,
Voos que não asam,
São repetidas vozes,
Repetidas vozes,
Vozes… … …

Um eco renegado,
Um rumor que foi negado.

Velhas maviosidades temporais,
Chapadas passadas em decalques,
Cópias de ti, tornadas imorais,
Escorridas no tempo em desfalques.

A tua ausência, tão áspera presença.

Espero…
Vou esperar sem ti,
Por alma que passa e remete,
Por voz que repete.
Aqui…
Nas costas o peso de uma perda,
E na mão uma pedra!

Pedro Martins