Tardes laranja

As figurinhas de porcelana sobre os moveis de época, a musica suave saida da velha aparelhagem, que embalava o ar e acariciava toda a atmosfera a volta, em traços de laranja e ouro, pela janela entravam as ultimas brizas de fins de agosto convidando para dançar as finas cortinas alvas, fora da janela e emoldurada uma paisagem de praia mais além do pequeno jardim, onde pequenas papoulas já maltratadas pelo tempo se entregavam ao vento, como so sabem fazer aqueles que amam pelo menos uma vez na vida. O céu perdia os tons de laranja, prenuncio de uma noite quente e passava gradualmente a um azul, onde a primeira estrela da noite já marcava o seu lugar, vigiando…
Dentro da casa junto da lareira apagada, cheia agora com vasos de flores, estava a velha cadeira de baloiço onde esta ela… esta diferente, já não é exacta a como a recordava, talvez a única mulher que alguma vez amei realmente talvez a única que soube entender-me, com a cara cortada pelo tempo que corre pelos justos e injustos e os cabelos mais prateados, o vestido azul, ainda me parece o mesmo… dormita… tento não a incomodar com minha presença, subo as escadas ao fim do corredor. A casa segue tal como a lembrava, e talvez percam a importância os mais de trinta verões em qua cá não vinha, ao fundo do corredor segue a porta branca, no chão junto dela as flores que mais gostava, é tão fácil recordar e tão curioso como so recordamos os momentos bons, fantasmas da infância correm pelo corredor e unem se ao passado, atrás das minhas costas… entro dentro do pequeno quarto , segue exacto nada mudou ou pelo menos isso me parece a mim, segue cada coisa onde ficou, não sei até que ponto isso é bom… para compreender tudo teria de começar por um principio, teria que recordar cada passo, daquele jovem cheio de sonhos que um dia foi o mais valente e o mais cobarde que alguma vez se possa sonhar, neste quarto ali mesmo junto a janela por onde entra a luz azulada da lua cheia, perdi todo o amor a uma vida e pendurei o meu corpo morto como mais um adereço de uma vida vazia… não sei quem me encontrou, so recordo este momento como uma bençao maldita do aqui e do agora… desço as escadas, passo pela sala, ela já dorme, beijo-lhe a frente cansada, sem palavras sem falsos pedidos de perdão saio pela porta em direcção a praia…
Adeus Mãe…

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Wednesday, June 11, 2008 - 12:14
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Tommy

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JillyFall's picture

Re: Tardes laranja

gostei muito de te ler. parabens, pelo belo texto!

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Re: Tardes laranja

De ke serve dizer obrigado kuando isso nao basta para agradecer a força que os teus comentarios me dao para seguir a escrever...

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