Maçã de Junho

Escreve sem nexo com a tontura dos analgésicos a fazer efeito. Procura as teclas numa lentidão enervante, nem dá conta dos erros. O corpo busca descanso. A alma busca paz. Nem é chamada de atenção, é vergonha de viver depois de tanta dor.
É o não saber ver para além de si própria, dos amigos que aguardam a sua chegada triunfante de uma fase menos boa. Tanta dor repetida, que apetece parar o corpo, deitar num banco de jardim ao relento, num jardim onde foi feliz na infância, Santa Catarina. Vai para lá em pensamento rebolar-se na relva, escuta as gargalhadas infantis, cristalinas, sorri aos jornalistas de "O Século", a menina das longas tranças, inocente e feliz. É a que anda de baloiço, de joelhos esfolados, que salta à corda, que brinca às cinco pedrinhas. De bata branca, espera a mãe, que nunca mais chega. Sou eu...Em memórias do início do fim.

Submited by

Saturday, October 31, 2009 - 23:37

Prosas :

No votes yet

AnaMar

AnaMar's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 13 years 29 weeks ago
Joined: 09/15/2009
Posts:
Points: 780

Comments

RobertoEstevesdaFonseca's picture

Re: Maçã de Junho

Gostei do texto.

Abraço,
REF

Add comment

Login to post comments

other contents of AnaMar

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Passion Efémero 5 646 09/17/2009 - 14:01 Portuguese
Poesia/Passion Sex, NO Drugs and Rock'Roll 1 1.155 09/16/2009 - 18:08 Portuguese
Poesia/General IRIS 3 1.046 09/16/2009 - 18:03 Portuguese
Prosas/Others O vestido branco 2 1.477 09/16/2009 - 00:03 Portuguese