"um outro olhar...(33) ...quando eu morrer…”

“quando eu morrer…”

quando eu morrer, não quero choros nem lamentos
a minha vida acabou, porque tinha de acabar

quando eu morrer, não me ponham num caixão nem num cemitério
a minha vida acabou, mas não acabou a vida

quando eu morrer, ponham as minhas cinzas junto da natureza
a minha vida acabou… terá mesmo acabado a minha vida?

quando eu morrer, gostava de vaguear pelo mar em cima de um pedaço de madeira
ou então gostava de ter um castanheiro plantado em cima de mim
a minha vida acabou, ou terá acabado só uma parte da minha vida?

quando eu morrer, disparate, eu não vou morrer
quando eu morrer, ou melhor, no dia em que alguns vão pensar que eu morri
sorriam, porque eu vou estar solto e disperso, escondido no meio da natureza

quando eu morrer, ou melhor, depois desse tal dia e em qualquer outro dia
quando se quiserem lembrar de mim, bastará um sorriso
um olhar para a lua, o sol, o mar, ou para qualquer pedaço de natureza
bastará um copo, um bom petisco, uma música que toque fundo
bastará um qualquer outro olhar, por mais pequenino que seja esse olhar

quando eu morrer, um dia, se um dia eu morrer
mesmo