Cristais de afecto

Entre as mansas hipérboles
que se desdobram
(tranquilas)
ouço o crepitar
do alvorecer envolvente.

Traje
de sol,
brilho que me encandeia
por entre os traços da manhã...

São os teus braços
que afagam em acordes de piano
as flores que a minha pele brota
quando lhe tocas
com o olhar.

Hirto,
o chão,
que piso e me leva
por entre as brumas da ilusão...

São os afectos que nos guiam
são as luzes das estrelas que nos multiplicam
são os gelos que nos congelam
são os degelos que nos resgatam
e cristalizam...

Gelo,
de luz,
pintado a cores frias
estalactite de cristal...

Na paz do meu zelo
te abro o trilho do peito,
por entre o carreiro do meu perfume
onde veredas no flamejante oásis
onde nos fundimos nas águas
onde banhamos o ardor da concórdia.

Doce,
o mar,
carrossel de mel
luas d'um navegar...