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Distância

Estava deitada na cama, lembrando o Humano e como ele estava distante, num mundo paralelo do qual não conseguia fazer parte.
Era tão fácil. Ela sabia que era tão fácil! Bastava transpor o riacho que delimitava o bosque onde se perdia todas as noites e, em menos de um instante, estaria no mundo dos Humanos sendo uma deles. Mas não conseguia fazê-lo. Havia demasiadas coisas que colocaria em causa. Demasiadas conquistas que alcançara e da qual já não conseguia abdicar. Levara uma infinidade de luas até se reconhecer como mulher e em aceitar a sua essência de bruxa. Não conseguia simplesmente, abdicar dessa condição, mesmo que tal significasse a perda do Humano.
Ele permanecia impávido, no seu mundo, aparecendo em cada lua cheia, sem nada exigir e sem nada requisitar, a não ser os momentos cheios de volúpia que ambos partilhavam sob a luminosidade do luar. Apesar do entrelaçar intenso dos corpos, a Bruxa sentia a alma do Humano mais distante. Sabia que ele nada lhe exigia porque também ele não queria que nada lhe fosse exigido.
E assim permaneciam, em mundos distintos, ela não conseguindo regressar à sua condição de Humana e ele não ponderando sequer a hipótese de se transcender para o bosque encantado.
E entre as luas cheias, ela sentia-o perdido nos olhares das Humanas que faziam parte do seu mundo. A sua intuição de Bruxa alertava-a para o perigo de uma delas ocupar o vazio do coração do Humano. Mas a Bruxa fechava os olhos e não ouvia os apelos dos seus instintos mágicos ignorando os seus novos poderes. Limitava-se a viver uma lua de cada vez e a sentir intensamente o que o Humano lhe podia dar. Sabia que o devia soltar. Sabia que devia esconder-se na cabana nas noites de lua cheia. Porém, continuava a procurar a orla do bosque e a entregar-se de forma intensa, imaginando, de todas as vezes, que aquela podia ser a ultima vez.
Ia perder o Humano. Sentia isso…mas sempre soubera que ele não era certo. Eles não se pertenciam. Essa era a realidade dos dois. Ambos pertenciam a mundos que se tocavam mas que não interagiam e dos quais, nenhum, estava disposto a abdicar.
A Bruxa fechou os olhos…aninhou-se na cama da sua cabana e adormeceu…sozinha.

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sexta-feira, julho 4, 2008 - 10:39

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morrigan

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Comentários

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Re: Distância

Texto bem escrito em dom da palavra!

:-)

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Re: Distância

Que a magia das tuas palavras te faça sentir a presença aconchegante que desejas.

Estarei sempre contigo nos dois mundos.

Beijo doce Amiga Bruxa

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