VERSOS DE CHUVA

Em casa em comunhão com a poeira

a tentar em vão evitar as goteiras

                      que

                     caem

                     caem

                     caem

penso o porque de a água que cai da biqueira

ser mais fria que a água da chuva

                         que

                         cai

                         cai

                         cai.

E só eu escuto o uivo do vento que venta

 

                                                                                                                                             que vai

                                                                                                                             e que volta

 

                                                                                                 que tudo aquilo que leva

                                                            de volta uma hora sempre traz

 

                           que da chuva em si mesma absorta

silenciosa dança faz.

 

Já cansada ela só queria cair em paz...

E cansada deste vento que venta,

de cair cansada, já muito revolta

com a brincadeira do vento de leva e traz

em todo o seu tormento a tormenta

por não mais querer resolve cair

toda de uma só vez

mais

e

mais

cada

vez

mais

como

se

não

fosse

acabar

 mais.

 

E pela janela via lá fora

a chuva que dentro de si caía.

Como num espelho via a si própria

um vitral de traços delicados

a estranhar a estranha face fria,

pois com olhos rasos tudo via,

de tanto chorar coração cansado.

 

No fundo, ainda fria, era delicada a

chuva que sem importar-se com nada

                                  caía,

                                  apenas

                                  caía,

                                  cobrindo

                                  o mundo

                                  de

                                  mágoas...

E quem pela janela

                                  silente olhava

através dela nada via

                                  ouvia somente

o vento que no vazio soluçava;

que soprava a água feito serpente

a descer no vitral de quem silente

no vazio a si mesmo olhava.

 

E ela se quer desconfiava

que mesmo sendo tão fria

na janela em que (nada) se via

não era a água da chuva que vertia.

Finos filetes ela chorava.

14 de agosto de 2011

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Thursday, August 25, 2011 - 01:55

Poesia :

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