Biografia: Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), poetisa portuguesa

Sophia de Mello Breyner Andresen é, sem sombra de dúvida, um dos maiores poetas portugueses contemporâneos – um nome que se transformou, em sinónimo de Poesia e de musa da própria poesia.

Poetisa e contista portuguesa, nasceu no Porto, no seio de uma família aristocrática, e aí viveu até aos dez anos, altura em que se mudou para Lisboa. De origem dinamarquesa por parte do pai, a sua educação decorreu num ambiente católico e culturalmente privilegiado que influenciou a sua personalidade. Frequentou o curso de Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em consonância com o seu fascínio pelo mundo grego (que a levou igualmente a viajar pela Grécia e por toda a região mediterrânica), não tendo todavia chegado a concluí-lo.

Teve uma intervenção política empenhada, opondo-se ao regime salazarista (foi co-fundadora da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos) e também, após o 25 de Abril, como deputada. Presidiu ao Centro Nacional de Cultura e à Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Escritores.

O ambiente da sua infância reflecte-se em imagens e ambientes presentes na sua obra, sobretudo nos livros para crianças. Os verões passados na praia da Granja e os jardins da casa da família ressurgem em evocações do mar ou de espaços de paz e amplitude. A civilização grega é igualmente uma presença recorrente nos versos de Sophia, através da sua crença profunda na união entre os deuses e a natureza, tal como outra dimensão da religiosidade, provinda da tradição bíblica e cristã.

A sua atividade literária (e política) pautou-se sempre pelas ideias de justiça, liberdade e integridade moral. A depuração, o equilíbrio e a limpidez da linguagem poética, a presença constante da Natureza, a atenção permanente aos problemas e à tragicidade da vida humana são reflexo de uma formação clássica, com leituras, por exemplo, de Homero, durante a juventude. Colaborou nas revistas Cadernos de Poesia (1940), Távola Redonda (1950) e Árvore (1951) e conviveu com nomes da literatura como Miguel Torga, Ruy Cinatti e Jorge de Sena.

Na lírica, estreou-se com Poesia (1944), a que se seguiram Dia do Mar (1947), Coral (1950), No Tempo Dividido (1954), Mar Novo (1958), O Cristo Cigano (1961), Livro Sexto (1962, Grande Prémio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores), Geografia (1967), Dual (1972), O Nome das Coisas (1977, Prémio Teixeira de Pascoaes), Navegações (1977-82) e Ilhas (1989). Este último voltou a ser publicado em 1996, numa edição de poemas escolhidos acompanhada de fotografias de Daniel Blaufuks. Em 1968, foi publicada uma Antologia e, entre 1990 e 1992, surgiram três volumes da sua Obra Poética. Seguiram-se os títulos Musa (1994) e O Búzio de Cós (1997). Colaborou ainda com Júlio Resende na organização de um livro para a infância e juventude, intitulado Primeiro Livro de Poesia (1993).

Em prosa, escreveu O Rapaz de Bronze (1956), Contos Exemplares (1962), Histórias da Terra e do Mar (1984) e os contos infantis A Fada Oriana (1958), A Menina do Mar (1958), Noite de Natal (1959), O Cavaleiro da Dinamarca (1964) e A Floresta (1968). É ainda autora dos ensaios Cecília Meireles (1958), Poesia e Realidade(1960) e O Nu na Antiguidade Clássica (1975), para além de trabalhos de tradução de Dante, Shakespeare e Eurípedes.

A sua obra literária encontra-se parcialmente traduzida em França, Itália e nos Estados Unidos da América. Em 1994 recebeu o Prémio Vida Literária, da Associação Portuguesa de Escritores e, no ano seguinte, o Prémio Petrarca, da Associação de Editores Italianos. O seu valor, como poetisa e figura da cultura portuguesa, foi também reconhecido através da atribuição do Prémio Camões, em 1999.

Em 2001, foi distinguida com o Prémio Max Jacob de Poesia, num ano em que o prémio foi excepcionalmente alargado a poetas de língua estrangeira. Em Agosto do mesmo ano, foi lançada a antologia poética Mar. Em Outubro publicou o livro O Colar. Em Dezembro, saiu a obra poética Orpheu e Eurydice, onde o orphismo está, mais uma vez, presente, bem como o amor entre Orpheu, símbolo dos poetas, e Eurídice, que a autora recupera num sentido diverso do instaurado pela tradição helênica.

Fonte: http://www.astormentas.com/biografia.aspx?t=autor&id=Sophia+de+Mello+Breyner+Andresen

 

Submited by

Tuesday, August 30, 2011 - 11:41
No votes yet

AjAraujo

AjAraujo's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 7 years 17 weeks ago
Joined: 10/29/2009
Posts:
Points: 15584

Add comment

Login to post comments

other contents of AjAraujo

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Haiku Flor de Algodão 0 4.889 09/14/2011 - 19:24 Portuguese
Poesia/Aphorism Superando a tristeza 0 4.402 09/14/2011 - 10:16 Portuguese
Poesia/Poetrix O Beduíno e o Camelo 0 1.780 09/14/2011 - 10:15 Portuguese
Poesia/Haiku Dormideira & Azaléia 0 4.078 09/14/2011 - 10:13 Portuguese
Poesia/Meditation Por um Jardim da Paz Mundial - Word Trade Center ( 0 5.015 09/12/2011 - 14:44 Portuguese
Poesia/Intervention Poemas soltos, versos tortos 0 4.681 09/12/2011 - 14:40 Portuguese
Poesia/Meditation Poema Musical 0 5.368 09/12/2011 - 14:37 Portuguese
Poesia/Haiku Pomar e Montanha (Seleções de Haikais: I-II) 0 5.314 09/12/2011 - 14:33 Portuguese
Videos/Music In the Air Tonight (Gregorian Masters of Chant) 0 7.395 09/12/2011 - 03:06 English
Videos/Music Jazzy Violin - Live Video Mix (Katica Illenyi, violin & voice) 0 7.933 09/10/2011 - 15:50 English
Videos/Music Chi Mai, from Ennio Morricone (Katica Illenyi) 0 12.051 09/10/2011 - 15:47 English
Videos/Music Romanian Folk Dances, from Béla Bartok (Katica Illenyi) 0 6.483 09/10/2011 - 15:42 English
Videos/Music Libertango, from Astor Piazolla (Katica Illenyi) 0 7.947 09/10/2011 - 15:37 English
Videos/Music Pachelbel - Canon in D (Original Instruments) (San Francisco Early Music Ensemble Voices of Music) 0 29.197 09/10/2011 - 15:34 English
Videos/Music Schindler's List (Katica Illenyi) 0 9.658 09/10/2011 - 15:30 English
Poesia/Text Files Utopia necessária como o pão de cada dia (crônica) (Dom Pedro Casaldáliga) 0 11.448 09/10/2011 - 12:59 Portuguese
Poesia/Haiku Hai-kai do sertão (Dom Pedro Casaldáliga) 0 7.441 09/10/2011 - 12:37 Portuguese
Poesia/Meditation Confissões do latifúndio (Dom Pedro Casaldáliga) 0 4.057 09/10/2011 - 12:32 Portuguese
Poesia/Meditation Paz Inquieta (Dom Pedro Casaldáliga) 0 3.433 09/10/2011 - 12:28 Portuguese
Poesia/Dedicated Rede de Dormir (D. Pedro Casaldáliga) 0 1.814 09/10/2011 - 12:24 Portuguese
Poesia/Meditation Os portais da mudança (conto) 0 904 09/09/2011 - 22:53 Portuguese
Poesia/Thoughts Os acontecimentos em nossas vidas 0 4.179 09/09/2011 - 22:49 Portuguese
Poesia/Meditation O valor dos sentidos 0 3.521 09/09/2011 - 22:45 Portuguese
Poesia/Dedicated O vôo da gaivota 0 2.184 09/09/2011 - 22:41 Portuguese
Poesia/Joy A festa da natureza (Patativa do Assaré) 0 9.071 09/08/2011 - 23:08 Portuguese