Teoria do eu, do anti eu e seus quiproquós

Se sou flor
ele é o tempo
se sou pedra
ele é a mão
se sou chuva
ele é o chão
eu sou eu
ele é o anti eu
sem mim
não há anti mim
sem ele
não há anti ele
que sou eu
sem força
não há anti força
sem nada
não há anti nada
ele quer ser eu
isso não pode ser
enquanto falo
aos outros
ele fala à mim
que quer ser eu
e isso não deixo
luto para não ser ele
que é o anti eu
luto para não deixar
de ser eu
não deixar
eu ser o anti eu
não posso matá-lo
pois morreria também
não posso externá-lo
pois eu seria o anti eu
não posso ignorá-lo
pois sem ele
eu não seria eu
ele quer um corpo
o meu
pernas e braços
quer poder experimentar
sentir
ele quer poder gozar
errar
ele quer ser eu.