Uma tarde de chuva
Toda pessoa tem seus esqueletos no armário, segredos escondidos a sete chaves, gemidos perdidos em algum lugar. E em dias de chuva costumam frequentar a lembrança da mais pacata a mais atrevida mente, mesmo sendo ela sã.
Uma brisa para alguns, refresco para outros tantos, mas para dois corpos, uma tarde que brinda a vida com uma aconchegante chuva, é o convite em forma de poesia aos olhos curiosos do desejo.
Paredes em tons de roxo confundem a mente dos corpos se encontram em um despretensioso sexo casual, apenas mais algumas palavras sem sentido, arranhões superficiais, nada que a alma sentirá, tanto quanto a saudade do suor, sujo e promiscuo que contracena com a janela embaçada.
Taças de vinho com suas bordas manchadas pelo toque dos lábios, uma garrafa há meia altura, roupas espalhadas, dividindo-se entre cadeiras, escrivaninha e abajur, ao fundo tocando suavemente uma bossa. As mãos delicadas, que de forma abrupta possuem o corpo quase que instintivamente, a língua que procura o ouvido, murmurando os segredos vassalos, implorando por mais e mais.
A maravilhosa sensação que se tem ao perceber que toda timidez contida naquele corpo se esvai, ao toma-la em minhas mãos, libertando uma espécie de mulher antes nunca vista por outros, fogosa e surpreendente, tão viciante quanto a mais pura química já feita pelo homem.
Sensações tão a flor da pele que o tempo foge ao controle dos olhos, passam-se segundos, minutos e talvez horas. Restando abraços e palavras vazias, olhos que correm sobre seu corpo nu, macio e cheiroso, a chuva caindo e nos avisando que a tarde poderia sim ser emendada com a noite, que poderíamos repetir quantas vezes mais fossem possíveis, pois aqueles arranhões logo sairiam do corpo, restando apenas à lembrança de todo desejo alcançado, em uma tarde chuvosa de abril.
Submited by
Prosas :
- Login to post comments
- 2532 reads
Add comment
other contents of Pablo Gabriel
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Prosas/Tristeza | O abraço que machuca | 0 | 4.232 | 01/28/2013 - 02:28 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Linhas Infinitas | 1 | 1.821 | 01/22/2013 - 20:30 | Portuguese | |
Prosas/Drama | Sangria | 0 | 4.268 | 01/22/2013 - 16:32 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Epiderme | 0 | 2.589 | 01/15/2013 - 20:00 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Dias impossíveis | 0 | 1.998 | 01/11/2013 - 19:23 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Peças lascadas | 0 | 1.629 | 01/09/2013 - 12:38 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Meretriz Caida | 0 | 1.117 | 01/08/2013 - 01:40 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Por entre noites | 0 | 1.628 | 01/07/2013 - 23:15 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Da natureza (humana?). | 0 | 1.476 | 12/27/2012 - 13:36 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | O que sabem? | 0 | 1.736 | 12/19/2012 - 12:09 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | Absurdos | 0 | 908 | 12/14/2012 - 17:17 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Desejo comum | 1 | 1.636 | 12/10/2012 - 16:35 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Amanha | 1 | 2.282 | 12/04/2012 - 14:30 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Espirito natalino | 0 | 1.554 | 12/03/2012 - 18:13 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | De tanto ser | 0 | 1.564 | 11/22/2012 - 13:37 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Dobrar os joelhos | 1 | 1.676 | 11/21/2012 - 23:56 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Pelos corredores | 0 | 1.544 | 11/20/2012 - 17:47 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Imagina na copa | 0 | 1.918 | 11/20/2012 - 15:39 | Portuguese | |
Poesia/Joy | Bendito o livro | 0 | 1.746 | 11/14/2012 - 14:34 | Portuguese | |
Poesia/Love | Amar | 0 | 1.363 | 11/05/2012 - 14:41 | Portuguese | |
Poesia/Love | Destes versos | 0 | 1.674 | 11/05/2012 - 14:10 | Portuguese | |
Poesia/Joy | Poesia | 0 | 1.456 | 10/27/2012 - 01:43 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Não faz mal | 0 | 1.545 | 10/24/2012 - 16:21 | Portuguese | |
Prosas/Others | Aroma da realidade | 0 | 1.444 | 10/24/2012 - 13:27 | Portuguese | |
Poesia/Love | Olhos marejados | 0 | 1.618 | 10/24/2012 - 12:11 | Portuguese |
Comments
O amor e a sexualidade em
O amor e a sexualidade em conjunto. Divino a meu ver.
Excelente prosa.
Cumprimentos
Sofia Ferreira