Vozes da infância
Poucas narrativas comovem tanto quanto as feitas sob o ponto de vista das crianças, que sempre vêm carregadas de emoção, inocência e espontaneidade e Marcas de Nascença, romance publicado na França pela canadense Nancy Huston em 2006, não foge à regra. Começando em 2004, na época em que George W.Bush era presidente dos Estados Unidos e o país está em guerra contra o Iraque, a história termina na Alemanha, entre 1944 e 1945, quase no fim da 2.ª Guerra Mundial, passando por quatro gerações de pessoas pertencentes à mesma família que narram, de forma muito sincera, como os acontecimentos que as rodeiam afetam as suas vidas e as de suas famílias, alterando suas percepções de mundo, as imagens que têm de suas famílias e as ilusões de suas infâncias, que se chocam com a realidade brutal das exigências da vida adulta, que vão arrastando consigo inocentes crianças que se veem obrigadas a lidar com algo que não entendem em toda sua trágica extensão.
Todos os relatos são feitos pelos personagens quando estes têm seis anos de idade e, além da pouca idade, eles possuem em comum uma marca de nascença, a qual se torna um traço característico que os une.
Lendo Marcas de Nascença, vamos vendo como crianças perdidas e solitárias vão tentando encontrar seu lugar num mundo hostil e muitas vezes cruel, sentindo-se desamparadas principalmente por aqueles que deveriam ser os primeiros a amá-las e compreendê-las e também como acontecimentos de um passado longínquo continuam repercutindo nas vidas dos descendentes de determinadas pessoas.
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