Compaixão

Compaixão para o velho marinheiro
Que já não pode nem ir ao mar
Agora se senta no cais
E leva a vida a recordar

Compaixão para as velhas prostitutas
Que não agüentam mais trepar
E não existem mais puteiro
Que queiram lhes aceitar.

Compaixão para o mergulhador
Que antigamente ia fundo
E agora nem boiando
Conseguem se equilibrar.

Compaixão para o policial
Que mesmo sem ele ser mau
Se fazia respeitar,
Agora que se aposentou
Ficou todo deprimido
Já não quer sair na rua
Pra não ser reconhecido,

Compaixão para o grande cantor
Que antes tinha um vozeirão
Agora roco ficou
E se quiser sobreviver
Tem que imitar o Gabriel o pensador

Compaixão para os que moram na rua
E não tem com quem contar
Lhes dói um velho agasalho
Pra quando o inverno chegar.

Compaixão devemos sempre carregar
Dentro das nossas consciências
Para quando precisar
Não percamos muito tempo
Para poder encontrar.

Compaixão todos nós temos que ter
Pois vai chegar o dia
Nessa vida de agonia
Que também vamos querer

Compaixão peço o para os repórteres
Que na procura das notícias
Às vezes encontra a própria morte.