S'isto que tenho dito, fosse verdade ao menos ...
S’isto que tenho dito, ao menos fosse verdade,
S’isto que tenho dito ao menos fosse verdade, pois “de-verdade” nem eu sou, de cortiça antes, de prego e ferro, fezes de cavalo são meras frases, ditas por mim “Icónicas”, mestiças como todas a partes abaixo da linha de cintura minha o são, chamo-lhe uma corrente de ar ou corda, cabresto, mas simplesmente sou eu o “não” o anão espalhando-se pelo chão, descrente de pensamentos e expressões; não me fluem com o o equilíbrio e inteligência que usava, como o galo do quintal do vizinho para me anunciar num simples poleiro empoleirado a verdade e toda a verdade sobre a existência dele próprio quando cantava de galo antes de morrer na panela.
Se fosse de verdade ao menos e o quintal noutro mundo, eu deixava acender o restolho e aí as ideias copulavam, mas fui varrido pelo desencanto, folha morta no furgão do lixo.
S’isso ao menos fosse verdade, pois se tudo quanto sei e dou me voltou em dobro, era cuspo e culpa por não ter dito, eu que pensava ter da vastidão exéquias, recebo feijões anémicos, cicuta e terr’inculta.
S’isto fosse um elo real ferro podre ou ralo de esgoto, eu desfilaria através dele até ao escroto de um deus minúsculo que fed,e porque ele o criou assim, como me fez criado sorridente, escravo de uma necessidade com grades que me segura prende, fede e arde…
Há o Homem que pensa que eu sou esse entre eles, não sou!
Não há meio de pensar que serei o Homem que o pensar soube ser, se Rei ou senhor do mundo, não servente mas hei…de ser sempre e pra sempre, delito em gente,prezo tudo quanto sinto e diferente desse outr’homem que’bem sei não ser, sou o genoma do futuro, o cabo do mundo, a verdade não existe, nem se comprova, não me comprovo eu.
A varanda é de grades. os antípodas e o horizonte tão curto, quanto eu para entender as luzes, serem eternos sinais com o instinto preso neste quintal suspenso, malditas frases espetadas nestas grades…
Houve um jardim quando não havia regatos e eu me ria nos espaços abertos, meu agora coração parado não ouve o tempo misturando-se e a vantagem da angustia é não ter fim, assim houve um jardim em mim e meu coração não ouve o fim do fim do mundo, ouve escutando o que pensa ser a capacidade de sofrer em fazer e o ser humano fecundo, o universo e tudo…a arte é o mundo e a nitidez crescente em mim…a verdade que suporto.
A capacidade de criar torna-me mais intenso, aceso mesmo quando não estou pensando em nada e mais em que tudo é íntimo, quando estudo um modo de dizer que me transcende e aí ouço o passar do tempo como num carrossel acelerado, chamo-lhe ar corrente e ao tempo o intervalo em que disse isto e por isso sei que existo em tudo, nesse momento acordei, acordo e sou tudo, perco-me da visão e a emoção é uma morada semelhante a álgebra numérica magma e espaço, filamentos e galáxias-heras.
Hei-de ser, ouço em mim esse poder de pensar fundo que trago e sigo há séculos e séculos …um mundo presente aquém e além da minha morte depois, a verdade é isso, intemporal e futuro
Joel Matos (05/2018)
http://joel-matos.blogspot.com
Submited by
Ministério da Poesia :
- Login to post comments
- 6609 reads
Add comment
other contents of Joel
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/General | A Morte não é Bem-Vinda ... | 2 | 14.666 | 04/15/2020 - 15:46 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | O avesso do espelho... | 5 | 5.502 | 03/01/2020 - 21:02 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | O Estado da Dúvida | 2 | 6.535 | 01/24/2020 - 21:05 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | As estrelas, os Estrôncios e os Sonhos. | 39 | 9.220 | 11/28/2019 - 12:37 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Dreaming Of A Better World | 122 | 10.683 | 11/10/2019 - 19:37 | Portuguese | |
Poesia/General | Escrevo o que ninguém escuta ... | 108 | 16.079 | 10/22/2019 - 15:40 | Portuguese | |
Poesia/General | Supondo-me desperto | 85 | 16.453 | 10/22/2019 - 15:39 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Venho de uma pequena ciência, | 148 | 11.499 | 10/22/2019 - 15:38 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Indigno eu, | 92 | 9.187 | 10/22/2019 - 15:37 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Aconteço "por-acontecer" | 87 | 5.923 | 10/22/2019 - 15:35 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Hino ao amanhã | 99 | 122.439 | 10/22/2019 - 15:34 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Ânsias ...lais de guia... | 92 | 7.414 | 10/22/2019 - 15:33 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Doce manifesto da vida | 50 | 6.426 | 10/22/2019 - 15:32 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Pra'lém do sonhar comum ... | 80 | 14.728 | 10/22/2019 - 15:03 | Portuguese | |
Poesia/General | Ranho e linho... | 79 | 10.683 | 10/22/2019 - 15:01 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Sonhar é cabelo, | 58 | 10.416 | 10/22/2019 - 15:00 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Tudo em mim | 40 | 4.828 | 10/19/2019 - 00:52 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | É hoje o dia… | 301 | 12.734 | 07/12/2019 - 12:47 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Sendo eu outro | 77 | 9.971 | 06/10/2019 - 18:56 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Meu cabelo é água e pêlo, sonho é sentir vê-lo… | 37 | 10.285 | 06/10/2019 - 18:03 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Sou feliz porque não escrevo… | 49 | 4.678 | 06/10/2019 - 15:28 | Portuguese | |
Poesia/General | O triunfo dos relógios ... | 167 | 58.682 | 06/07/2019 - 20:02 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | O meu préstimo… | 250 | 14.710 | 06/07/2019 - 19:59 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | (Busco a eternidade-num-saco-vazio) | 265 | 14.014 | 06/07/2019 - 19:55 | Portuguese | |
Ministério da Poesia/General | Pois tudo o que se move é sagrado. | 368 | 12.984 | 05/23/2019 - 20:40 | Portuguese |
Comments
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.