Conto …
Conto …
Conto de um, dois, três, quatro e cinco e seis, dezasseis …até trinta e seis, esquivo-me a agir, reduzo a acção, supero o deve e o haver, sobra-me o que não disse e continuo a viver da arte das expressões e emoções já não tanto à flor da pele como uma coroa do sol e o papel a arder quando se aproxima e afasta a lupa dele repetidamente concentrando a luz, concentro-me na lua, em que não há, não pode haver fogo, não há ar e o meu trono é de ar e povo, pai e rei do mundo, imagino-me e é tudo, as revoluções e as guerras continuam por todo o lado, não são estéticas, causam horror, não valem o som que fazem aos ouvidos, de boneca de louça quebrando, de bebé chorando; eu potencio o repouso e conto um e dois e três, até trinta e três sabendo que é um jogo, um exercício, o da concentração da luz numa lente e o haver fogo e o que posso fazer é saber e faço de sábio sem o ser, inevitavelmente conduz-me a estupidez por entre mortos e feridos embora não haja reino por que valha ser ferido.
Conto um, dois, três, dezoito, vinte e oito pelos dedos, peço o recibo ao taberneiro, sempre solicitei contas com boas maneiras; um pobre, ridículo acrobata de circo no fim da rua, porta com porta em frente à minha, lembra-me os meus falhanços, a minha incompetência endémica que me faz confiar na habilidade de faz-de-conta tal como o palhaço que ri na rua do-tudo-por-nada.
Conto e continuo a contar que, sob as más-caras há e sempre haverá humanidade e o hábito, elevado ao expoente máximo que um processo mental básico alinhe o inapto de sonhar com o sonhador devoto, surpreendo-me constantemente com quem passa por mim e se apega à matéria da negação como forma de existir suprema, transfiguro-me numa outra realidade, conto e continuo a contar sem me misturar, daí a habilidade em seguir vários caminhos sem me envolver com a rua e o palhaço que representa os meus falhanços e a estupidez humana das almas todas incluindo a minha, a chama, a luz concentrada de uma lente, o sol; concentro-me na lua e conto, cem, cento e muitos impulsos de todo o meu sangue Germânico, abrandando até sarar …
Joel matos 06/2018
http://joel-matos.blogspot.com
Submited by
Ministério da Poesia :
- Login to post comments
- 4974 reads
Add comment
other contents of Joel
| Topic | Title | Replies | Views |
Last Post |
Language | |
|---|---|---|---|---|---|---|
| Ministério da Poesia/General | Meu, sou eu | 18 | 192 | 12/11/2025 - 21:01 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Todo eu sou qualquer coisa | 29 | 279 | 12/11/2025 - 21:00 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Atrai-me o medo | 18 | 110 | 12/11/2025 - 20:59 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Esperança perdida. | 16 | 121 | 12/11/2025 - 20:59 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Parece que me dividi | 14 | 161 | 12/11/2025 - 20:58 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Do exílio não se regressa | 13 | 127 | 12/11/2025 - 20:57 | Portuguese | |
| Poesia/General | Não fosse eu poesia, | 16 | 224 | 10/29/2025 - 18:41 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Ricardo Reis | 61 | 5.060 | 10/28/2025 - 18:16 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Notas de um velho nojento | 29 | 6.158 | 04/01/2025 - 09:16 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Insha’Allah | 44 | 3.727 | 04/01/2025 - 09:03 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | São como nossas as lágrimas | 10 | 3.168 | 04/01/2025 - 09:02 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Recordo a papel de seda | 19 | 2.310 | 04/01/2025 - 09:00 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Duvido do que sei, | 10 | 1.274 | 04/01/2025 - 08:58 | Portuguese | |
| Poesia/General | Entreguei-me a quem eu era | 10 | 2.071 | 04/01/2025 - 08:56 | Portuguese | |
| Poesia/General | Cedo serei eu | 10 | 1.963 | 04/01/2025 - 08:55 | Portuguese | |
| Poesia/General | Não existo senão por’gora … | 10 | 2.090 | 04/01/2025 - 08:54 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Cada passo que dou | 15 | 4.004 | 03/28/2025 - 21:11 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Quem sou … | 16 | 5.036 | 03/28/2025 - 21:08 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | A essência do uso é o abuso, | 14 | 6.108 | 03/28/2025 - 21:08 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Percas, Carpas … | 12 | 2.514 | 02/12/2025 - 09:38 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Tomara poder tocar-lhes, | 12 | 1.752 | 02/11/2025 - 17:58 | Portuguese | |
| Ministério da Poesia/General | Pois que vida não tem alma | 20 | 2.234 | 02/11/2025 - 17:37 | Portuguese | |
| Poesia/General | Pra lá do crepúsculo | 30 | 5.628 | 03/06/2024 - 11:12 | Portuguese | |
| Poesia/General | Por onde passo não há s’trada. | 30 | 7.461 | 02/18/2024 - 20:21 | Portuguese | |
| Poesia/General | Sonhei-me sonhando, | 17 | 7.564 | 02/12/2024 - 16:06 | Portuguese |






Comments
.
.
.
.
..
..