Tempestade

Afastas-me com a pressa
que me faz correr
sem querer,
beijos perdidos
pela impaciência
de
quem não sabe esperar.

T(r)oco todos os segredos
ao de leve
porque te sei de cor
e
apesar de tonta pela luz
da chama que teima em arder
assim
a dor no meu peito
em ferida
pela partida anunciada
sem
regresso,
as memórias do que não teremos
irrompem em sal
líquido
quente,
arrefecido
pelas palavras
que não quero,
na certeza que tens
em decidir
numa exigência de mim
eu que me dou
sem que peças,
eu
que sinto
o que não deve ser sentido,
por isso
não tem nome
este amor
impossível
proibido,
porque as promessas
não se cumprem.

Estou cansada de viver
porque sem ti
a vida
embrulha-me
no ciclone,
transforma-me em gelo
as lágrimas que recuso
o Sol não aquece
e
eu perco-me de mim

(e não pretendo regressar).

Em tempestades de afagos
o meu cabelo penteado
está revolto,
irrequieto
pela falta dos teus dedos
que tentam o esquecimento.

Ergo o olhar
o céu azul é cinzento
as minhas mãos
já não me pertencem.

O meu corpo soltou-se de mim.

Eu não sou eu.

Deambulo pela floresta que é a minha cidade.

E existo apenas com a solidão que me deixaste.

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Wednesday, October 28, 2009 - 05:33

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AnaMar

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Comments

Gisa's picture

Re: Tempestade

Querida, meu corpo também vive se soltando de mim e me custa trazê-lo novamente, mas me esforço. Lindo e sofrido poema, abraços

MarneDulinski's picture

Re: Tempestade

AnaMar!
Tempestade
O meu corpo soltou-se de mim.

Eu não sou eu.

Deambulo pela floresta que é a minha cidade.

E existo apenas com a solidão que me deixaste.
LINDO POEMA...
Mas depois da tempestade sempre vem a Bonanza, e ai farás teus passeios pela cidade Felicidade!
São meus desejos!
MarneDulinski

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