Peregrino
Sou o deserto,
o próprio espelho do astro-rei
solitário, aqui vivo de miragens
nos mistérios que atraem viajantes...
Sou cenário de lutas e derrotas
na minha árida paisagem
segredos se escondem nas areias
onde circulam beduínos e camelos...
Em meu solo se espalham vultos e rastros
que desaparecem no instante em que surgem
as evoluções da dança mística vento,
meu eventual companheiro...
Na imensidão, no silêncio
das minhas noites gélidas,
dos meus dias de calor fatal
nada é tão dialético, belo e triste...
Sou como o lobo das estepes
ou mesmo como águia que plaina
no infinito deste azul, dessas montanhas
Trago em mim a própria solidão
Como ecoam ruídos de uma ampulheta
de um espaço-tempo inerte,
brilhos de estrelas a milhares de anos-luz
coroam e estendem o manto para meu sono...
Como permanecem em meu leito,
seres que resistem e teimam à sina
de viver no limite extremo da realidade,
como peregrino, faço também a minha rota.
Se aqui todas as forças da natureza
vicejam como nunca a sua essência
me sinto um palco das paixões e pulsões
que existem em cada minúsculo ser do universo.
AjAraújo, o poeta humanista, escrito na Primavera, 2002.
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Comments
Se aqui todas as forças da
Se aqui todas as forças da natureza
vicejam como nunca a sua essência
me sinto um palco das paixões e pulsões
que existem em cada minúsculo ser do universo.
.
Re: Peregrino
Adorei esta poesia fantástica que acho que encaicha perfeitamente no percurso de vida.
Re: Peregrino
Profundo e tocante, parabéns. Abraços
Re: Peregrino
LINDO POEMA, GOSTEI!
Meus parabéns,
MarneDulinski