Corações despedaçados

Abra o peito
Rasga o coração
Cordoalhas, válvulas

Em retalhos de tecido
No jornal apreendido
Na repressão...

Abra a estrada
Rasga a floresta
Na Transamazônica faraônica...

Coração e floresta
Vermelho sangue, verde seiva
Se derrama no terror consentido...

Escancara o peito e a utopia(Araguaia)
Em versos trêmulos, torturados
Ante a omissão sob o repressão...

Na rede, Macunaíma
Como o andar tupiniquim
Poemas lentos, cortados pela censura...

Nas vitrines da luxúria
Dormem à noite, os filhos da miséria
Onde o turista fotografa, seu souvenir...

Come giletes, engole espadas
Nos segundos preciosos do semáforo aberto
Em busca de algum trocado

Todavia, da original (e louca) tentativa
Raias de sangue jorram da garganta
E vergonha na grande platéia motorizada

Correm dos pobres, feito pragas urbanas
Nas praças de agonia, no teatro de rua
Onde o espetáculo maior é o encontro da miséria
com um vírus importado.

AjAraújo, o poeta humanista, escrito em 1978.

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Monday, January 11, 2010 - 23:04

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AjAraujo

AjAraujo's picture
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AjAraujo's picture

Coração e floresta Vermelho

Coração e floresta
Vermelho sangue, verde seiva
Se derrama no terror consentido...

Escancara o peito e a utopia(Araguaia)
Em versos trêmulos, torturados
Ante a omissão sob o repressão...

RobertoEstevesdaFonseca's picture

Re: Corações despedaçados

Lindo poema.

Parabéns,
um abraço,
REF

MarneDulinski's picture

Re: Corações despedaçados

LINDO POEMA,GOSTEI MUITO!
Meus parabéns,
Marne

AjAraujo's picture

Re: Corações despedaçados

Estimado amigo, Marne, desculpe havia repetido o texto anterior por engano na colagem do word.
Agora sim, segue o texto correto de Corações Despedaçados, uma crítica social a um momento que vivemos no país.

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